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Preço do boi cai 14%, mas da carne só 2%

Fernanda Mathias / Campo Grande News - 23 de fevereiro de 2006 - 14:23

Pesquisa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) aponta uma relação bastante desigual entre a redução do preço pago pelo bovino ao produtor e o valor da carne no mercado atacadista. Enquanto de janeiro do ano passado para janeiro deste a queda no preço do boi foi de 14% considerando Campo Grande e Presidente Prudente (SP), em São Paulo, mercado que recebe 90% da produção de carne produzida em Mato Grosso do Sul. Já o preço do quilo do traseiro, onde estão os cortes mais nobres do boi, recuou apenas 2,7% no período.

De R$ 4,20 o quilo, o atacado passou a pagar R$ 4,09 pelo quilo do traseiro. O valor do dianteiro teve uma queda de preço maior, de 13%, passando de R$ 2,50 o quilo a R$ 2,17. O presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Laucídio Coelho Neto, observa que as quedas de preço verificadas pela Conab estão no atacado. “Para o consumidor a redução é quase imperceptível e demora um ano a chegar”, diz.

A Conab apurou que em janeiro de 2005 a arroba do boi gordo estava cotada em Campo Grande a R$ 53,80 e em Presidente Prudente a R$ 58,60. Caiu em janeiro deste ano a R$ 50,37 e R$ 45,95. Na manhã desta quinta-feira o deputado federal Waldemir Moka (PMDB), disse em entrevista ao programa “94 Notícias”, da FM Mega 94, que a Câmara já deu entrada com pedido da instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Investigação da Carne), para apurar se há ganhos abusivos concentrados em alguns elos da cadeia produtiva.

Há denúncias de que frigoríficos estariam praticando cartel. Já as indústrias argumentam que é no varejo que está o lucro excessivo. “Nunca o produtor rural recebeu um preço tão baixo pela arroba do boi, hoje de R$ 43,00 a R$ 44,00, quando o preço já chegou a R$ 57,00 antes. Essa baixa nunca se reflete na ponta, ao consumidor”, disse.

Problema igual é identificado na cadeia do leite, onde o produtor de Mato Grosso do Sul tem recebido de R$ 0,14 a R$ 0,28 pelo litro do produto quando o consumidor não paga menos de R$ 1,10. A Seprotur (Secretaria de Estado de Produção e Turismo) identificou margens de lucro que vão de 30% a 200% depois que o leite sai da fazenda, entre a indústria e a prateleira do supermercado. O relatório com esta constatação será encaminhado ao MPE (Ministério Público Estadual).

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