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Preço da gasolina no Brasil é maior que no exterior

20 de setembro de 2006 - 14:26

O preço da gasolina no mercado brasileiro, descontando os impostos, ficou neste mês mais alto do que no mercado internacional. Desde março, os preços praticados no Brasil estavam menores do que os internacionais. Com a queda das cotações do petróleo e, por conseqüência, do preço da gasolina no mercado externo, o combustível está hoje, em média, 12% mais caro no Brasil.

"O preço da gasolina, lá fora, está refletindo a baixa do preço do petróleo nos últimos 30 dias", diz Fabio Silveira, da RC Consultores, que fez levantamento sobre o diferencial de preço entre a gasolina nos mercados brasileiro e externo.

O último reajuste da gasolina no Brasil ocorreu em outubro passado, quando a cotação do barril do petróleo rondava os US$ 66 e o dólar estava em R$ 2,23 (o barril hoje está perto de US$ 61, e o dólar, R$ 2,16).

Desde então, a Petrobras não reajustou os preços e, de março a agosto deste ano, os valores cobrados pelas refinarias no Brasil ficaram defasados em relação ao preço internacional. Em julho, quando a cotação do petróleo atingiu níveis recordes, a diferença entre o preço externo e interno da gasolina chegou a 22%, ou seja, o preço no Brasil era 22% menor do que no mercado internacional. Em meados de julho, o barril do petróleo chegou a ser cotado a mais de US$ 75.

Com a queda na cotação do produto, que, até ontem, já havia recuado 20% desde o pico atingido em 14 de julho, a diferença foi diminuindo e, agora, fez com que os preços internos da gasolina e do diesel superassem os externos. Em agosto, a queda do petróleo foi de 5,6%. Neste mês, até ontem, quando a cotação foi de US$ 61,66, a queda foi de 12% --só ontem, a cotação recuou 3,35%.

A divergência de preços ocorre porque, no Brasil, os preços dos combustíveis, ou melhor, de parte dos combustíveis, não é reajustado de acordo com a oscilação da cotação de petróleo no mundo. No caso da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, a Petrobras opta por fazer reajustes apenas no médio e longo prazos, evitando mudança de preços muito recorrentes.

Manter a gasolina e o diesel mais baratos nos últimos seis meses custou à Petrobras, segundo estimativas de Adriano Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), cerca de R$ 6,8 bilhões neste ano, até agosto. Essa seria a receita adicional que a empresa obteria em relação à que realmente obteve caso tivesse mantido os preços alinhados com o mercado externo.

É por conta dessa perda que Pires avalia que a estatal ainda elevará os preços do combustíveis após as eleições. Ou seja, ainda que o preço interno continue, nos próximos meses, mais alto que o internacional, haveria necessidade do aumento para a estatal cobrir as perdas dos últimos seis meses.

"Salvo algum grande evento, o preço do petróleo deve ficar em torno de US$ 60 a US$ 65 o barril. O que vai acontecer é que vamos passar a pagar gasolina e diesel mais caros aqui dentro em relação a lá fora", diz Pires. O combustível pode até subir menos do que o que antes se estimava, mas deve subir, diz ele, algo em torno dos 5% até o final do ano.

Já Silveira, da RC, avalia que pode até estar afastada a hipótese de aumento do combustível agora, algo, diz ele, que estaria em contradição com o discurso da própria Petrobras, que afirma não pautar sua política de preços pelas oscilações de curto prazo da cotação da commodity. "Dependendo do nível de acomodação [do preço do petróleo], podemos ficar onde estamos ou até ter queda no preço", diz Silveira.

A LCA Consultores continua prevendo reajustes de 6% para a gasolina e de 7,5% para o diesel ainda neste ano. Mas, diz Raphael Castro, economista da consultoria, "é factível um cenário sem aumento".

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