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Pratinha nega crime e diz ser preso político

Agência Câmara - 19 de agosto de 2005 - 08:18

Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas, o policial aposentado Marco Túlio Prata, conhecido como Pratinha, negou ser traficante de armas e declarou-se um preso político. Ele acredita que só foi preso por ser irmão de Marco Aurélio Prata, contador do empresário Marcos Valério, acusado de ser operador do suposto esquema do "mensalão”.

Armas de uso restrito
Pratinha foi preso há cerca de um mês em Belo Horizonte por possuir em sua casa 17 armas de calibres diversos, uma carabina, uma pistola semi-automática, silenciadores, miras telescópicas, dez granadas de efeito moral, bombas de fabricação caseira e munição que são de uso restrito das Forças Armadas.
O policial declarou que as armas não pertenciam a ele e que estava com elas apenas para limpá-las, e indicou os nomes de seus proprietários. Segundo o presidente da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), o inquérito policial mostra que todas as pessoas apontadas por Pratinha já estão mortas. O depoente disse que isso é apenas uma coincidência.
Para o delegado da Polícia Civil de Minas Gerais Elder Gonçalo Monteiro Dangelo, há um agravante nesse caso, já que Prata é policial aposentado e, portanto, ainda é considerado funcionário público.

Documentos da DNA
Durante a operação de busca e apreensão na casa do depoente, a polícia civil encontrou, além das armas, notas fiscais da DNA Propaganda. Parte delas havia sido queimada em tambores que se encontravam no local. Em sua defesa, Pratinha disse que apenas guardou as caixas contendo documentos a pedido de seu irmão. Ele disse que não sabia o que elas continham e negou ter queimado os documentos.
Para o delegado Dangelo, porém, houve a intenção de destruir provas policiais. "O fato é que encontramos os documentos na casa dele e que os papéis estavam sendo incinerados de forma dolosa, de forma a fazer desaparecer um material probatório de investigação que é de grande repercussão aqui no Congresso Nacional”, afirmou. “É prematuro dizer que há envolvimento dele, mas é inegável que ele é irmão do contador da DNA e que há uma gravação de interceptação telefônica na qual é orientado pelo irmão a levar os documentos para casa e dar sumiço neles".
Segundo o deputado Moroni Torgan, as operações de Marcos Valério envolvem práticas do crime organizado. "Por um lado, vemos as operações de Marcos Valério se juntando ao crime organizado na lavagem do dinheiro. Por outro lado, utiliza-se de atitudes criminosas, como queima de documentos, que o crime organizado também usa."

Desequilíbrio e homicídio
De acordo com a polícia de Minas Gerais, Marco Túlio Prata tem um histórico de desequilíbrio e foi aposentado da corporação por apresentar problemas mentais. A polícia não tem dúvidas de que ele é traficante de armas, apesar de ele negar o crime.
Questionado pelo deputado Moroni Torgan, o coordenador do Centro de Apoio Operacional de Combate ao Crime Organizado de Minas Gerais, procurador André Ubaldino, também presente à audiência, relatou que a folha funcional de Marco Túlio Prata registra comportamento psicológico "anormal" desde 1988. Ele também é acusado de trabalhar irregularmente na segurança privada de empresas de jogos ilícitos e, nessa atividade, ter cometido homicídios.
Para Torgan, o desequilíbrio é apenas uma estratégia da defesa, assim como o estranho fato de que as armas de uso restrito encontradas na residência do policial estarem registradas em nome de pessoas que já morreram. O deputado afirmou que será difícil sustentar essa defesa na Justiça.



Reportagem - Geórgia Moraes
Edição - Regina Céli Assumpção


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