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Portadoras do vírus da AIDS têm falta de dinheiro

Agência Notisa - 01 de dezembro de 2004 - 06:59

Pesquisadoras mostram que a precariedade nas condições sócio-econômicas está diretamente ligada às dificuldades em lidar com a doença e sugerem que uma melhor relação médico-paciente pode modificar este sofrimento.

O surgimento de drogas mais eficazes no combate aos desconfortos provocados pelo HIV, a partir do início da década de 90, contribuiu para melhorar a qualidade de vida de pessoas portadoras do vírus da AIDS. No entanto, outras questões, como baixas condições sócio-econômicas, ainda vêm interferindo na melhoria da sua qualidade de vida. Essa é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará e da Universidade Estadual Paulista.

A equipe procurou avaliar a qualidade de vida de 73 mulheres aidéticas, com idade igual ou superior a 18 anos. Todas foram entrevistadas individualmente no período de dezembro de 2000 a abril de 2001. De acordo com artigo publicado na edição de março/abril de 2004 dos Cadernos de Saúde Pública, 60,3% das mulheres eram casadas ou moravam junto com o parceiro, metade apresentava até oito anos de escolaridade e 64,3% conviviam com renda menor que um salário mínimo. Além disso, quase todas foram infectadas por relações heterossexuais.

Segundo os pesquisadores, os resultados demonstraram que uma das principais preocupações das entrevistadas é com questões financeiras. Eles explicam que “a qualidade de vida dessas mulheres fica atrelada a condições financeiras melhores, que facilitariam o auto-cuidado e o tratamento, ou seja, sua qualidade de vida está intimamente ligada à inserção socioeconômica e à exclusão social”.

Além disso, eles observaram que as entrevistadas preocupam-se em manter sigilo sobre a infecção. “Uma grande parte dos indivíduos soropositivos esconde o fato de estarem contaminados, pelo maior tempo e da melhor maneira possível, ingressando na clandestinidade quanto à sua condição. Com isso, tentam driblar o isolamento social ao qual poderiam estar submetidos, caso se declarassem portadores do HIV”, comentam no artigo.

Outra constatação foi a de que as mulheres também têm dificuldades em se relacionar sexualmente: “ao tomarem conhecimento de seu diagnóstico, elas experimentam conflitos relacionados à sexualidade. A AIDS impõe mudanças nas atividades sexuais, porque as condições sob as quais as mulheres se encontram devido à infecção, as levam a ter medo do relacionamento sexual, fazendo com que se esquivem das relações, mesmo apresentando desejo sexual”.

Dessa forma, a equipe ressalta que uma efetiva relação médico-paciente tem influenciado na evolução da doença, associando-se com melhor condição de saúde e maior nível de adesão à terapêutica, pois o médico é aquele que pode levar o doente a se manter fisicamente bem, para desenvolver suas atividades e, portanto, ter satisfação com a vida.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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