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Policiais negam responsabilidade na morte de motoqueiro

TJGO - 17 de agosto de 2007 - 05:57

O juiz Luiz Flávio Cunha Navarro, em substituição na 1ª Vara Criminal de Goiânia, interrogou hoje (16) três policiais militares denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) por homicídio qualificado contra Luiz Antônio Ferreira de Azara. Foram ouvidos Brunner Ramos da Silva, Adailton Ribeiro dos Reis e Wagner Pereira dos Santos. Ao ser interrogado, Brunner afirmou que no dia dos fatos estava de plantão com sua equipe quando foi acionado via Copom para atender uma ocorrência no Setor São José e que chegando no local já encontrou outra viatura da Polícia Militar.

Os policiais, segundo o militar, o informaram que havia ocorrido troca de tiros com Luiz Antônio, sendo que ao dar a volta no quarteirão com o soldado Reis constatou que a vítima já estava em cima do telhado de sua residência. Neste momento, de acordo com ele, mandou que Luiz Antônio colocasse as mãos na cabeça, mas a vítima se levantou com uma arma em punho.

Em seguida, conforme relatou em seu depoimento, Brunner e seu colega efetuaram disparos contra o motoqueiro que caiu na área de serviço. Logo após, ressaltou que ambos ouviram tiros e desceram o muro retornando até a frente da casa da vítima. Afirmou ainda que mirou a arma na parte inferior do corpo de Luiz e ouviu mais dois disparos de arma dentro da residência. Contudo, enfatizou categoricamente que quando retornou à frente da residência da vítima presenciou a equipe da Rotam já prestando-lhe socorro. "Não sei dizer se Luiz Antônio ainda estava vivo nesse hora e fiquei sabendo apenas hoje que foram roubados de seu residência uma certa quantia em dinheiro e um cheque", frisou.

No seu depoimento, Adailton salientou que também estava de plantão naquele dia quando foi acionado pelo Copom para atender uma ocorrência, na qual estaria ocorrendo troca de tiros com um motoqueiro, no Setor Progresso. Então, de acordo com ele, se deslocou para o local em apoio a várias outras viaturas que já estavam perseguindo o suspeito. O policial contou que ao descer da viatura e caminhar pela rua verificou que havia uma moto com as características anteriormente descritas e que nesse momento viu o motoqueiro correndo para o quintal da referida residência. Com o apoio do soldado Brunner, ressaltou que deu a volta na residência para tentar impedir que a vítima fugisse pelos fundos. Em seguida, afirmou que viu o motoqueiro em cima do telhado já na divisa com outra casa e informou-lhe que era policial determinando, nesse instante, que colocasse as mãos na cabeça.

Nesse momento, conforme explicou, a vítima virou de uma vez com uma arma em punho e ambos - os policiais - efetuaram alguns tiros. Disse lembrar também que após os tiros a vítima caiu no lote de sua residência e que afirmou que ao tentar pular o muro para alcançar o suspeito ouviu alguns diparos, momento no qual escutou outro policial pedindo socorro. Ao final, falou que ao retornar já encontrou a vítima sendo colocada dentro da viatura da Rotam e que por determinação do Copom ficou de fora da residência aguardando novas ordens.

Já o policial Wagner também sustentou que estava de plantão no dia do suposto crime com o tenente Carvalho e soldado Jordane e Oliveira. Ele relatou que quando foi abastecer a viatura quando foi informado, via Copom, que uma pessoa em uma moto vermelha havia trocado tiros com a equipe do 13º Batalhão. Na sequência, dirigiu-se à Vila São José e chegou até uma residência, onde viu dois policiais em cima de um telhado. Nesse momento, afirmou que ouviu alguns disparos, sendo que o comandante da equipe pediu-lhe que entrasse na residência acompanhado do tenente Carvalho e o soldado Oliveira.

Wagner disse que foi o primeiro a entrar e afirmou que quando estava dentro da residência ouviu dois tiros vindo em sua direção e que imediatamente revidou com outros dois disparos. Ao constatar que tinha acertado a vítima, declarou que prestou-lhe socorro imediatamente levando-o a uma viatura que se deslocou até o Hugo. Contudo, frisou que não tem conhecimento de que cheques e uma certa quantia em dinheiro teriam sumidos da casa de Luiz Antônio.

Denúncia

De acordo com o MP, em 27 de janeiro de 2006, por volta das 17 horas, na Vila São José, Adailton, Brunner e Wagner, por motivo fútil e mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima, utilizando duas pistolas PT-940 e uma pistola 9mm, todas da marca Taurus, desferiram quatro tiros contra Luiz Antônio, causando-lhe a morte. No dia do crime, conforme a denúncia, por volta das 16h30, na Avenida São Clemente, Vila São José, Luiz Antônio conduzia uma motocicleta Honda/Titan CG-150, de cor vermelha, quando recebeu um alerta o carro da PM para que estacionasse o veículo. Assustado, uma vez que não estava usando o equipamento de proteção adequado e os respectivos documentos, Luiz Antônio ao invés de parar o veículo, aumentou sua velocidade com o intuito de esquivar-se dos policiais. Com o objetivo de escapar dos militares, conforme relatou o MP, o motoqueiro mudou seu trajeto e dirigiu-se até sua residência. Logo depois, foi procurado pelo tio Edvon Santana de Araújo que estava em seu estabelecimento comercial e havia presenciado a perseguição policial. Diante da fuga, diversos carros da PM se empenharam em localizá-lo e cercaram sua casa.

Consta dos autos, que ao saber da intensa movimentação da polícia militar em frente sua casa a mãe de Luiz Antônio, Solange Verônica de Azara, dirigiu-se aolocal e pediu aos policiais que não fizessem nenhum mal ao seu filho, alegando que ele era uma pessoa honesta, sem antecedentes criminais e que tudo não passava de um equívoco. No entanto, segundo o MP, a polícia, ignorando o apelo da mãe, amigos e vizinhos que tentaram explicar aos policiais que Luiz Antônio tinha uma deficiência física, cercaram o local, agindo de maneira agressiva e sem a menor jusiticativa começaram a gritar, empunhar as armas e determinar que todos se calassem e se afastassem da casa.

Em ato contínuo, os três policiais contornaram o quarteirão e pularam o muro da casa, surpreendendo Luiz Antônio na área de serviço. Nesse instante, conforme o MP, cada um dos denunciados efetuaram um disparo em direção á vítima, atingindo-a com dois tiros. Após ser ferido, Luiz Antônio tentou entrar na cozinha de sua casa, mas foi atingido com mais dois tiros por Wagner Pereira na região torácica, o que causou-lhe a morte imediata. O MP ressaltou ainda que nesse momento Wagner e outros policiais militares retiraram a vítima da residência e a conduziram ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Contudo, ele já chegou ao hospital sem vida. Consta ainda nos autos, que após a entrada da polícia na casa de Luiz Antônio foram furtadas uma folha de cheque no valor de R$ 2.160 reais e uma quantia de R$ 200 reais. (Myrelle Motta)

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