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Polícia sem rosto espera prender o triplo de milicianos

Luciana Lima, Agência Brasil - 09 de junho de 2009 - 22:31

Brasília - A Polícia Civil do Rio de Janeiro espera prender nesse ano o triplo de pessoas envolvidas com milícias, em relação ao número de pessoas presas no ano passado. De acordo com o chefe da corporação, Alan Turnowski, a arma para isso é a chamada “polícia sem rosto”, ou seja, um rodízio de policiais que atuam nas investigações e nas prisões dos criminosos.

“A vantagem desse tipo de trabalho é que os policiais só trabalham em uma única missão, em uma única investigação. Ao fim dessa investigação, a operação de prender as pessoas não é feita por quem investigou. Dessa forma, eu não dou rosto à missão. Se um policial trabalhou em uma missão, ele não vai trabalhar na segunda e na terceira. Assim, esse policial não precisa temer retaliações”, destacou Turnowski.

A prática, de acordo com o chefe da Polícia Civil, vem surtindo efeito. Ele ressaltou que em 2006, cinco milicianos foram presos. Já em 2007, esse número subiu para 21. Em 2008, a polícia do Rio prendeu 78 milicianos e, só neste ano, até o final de maio, já havia detido 76 milicianos, sem contar com as 41 pessoas presas hoje pela Operação Temis, que envolveu policiais militares e civis.

“A tendência desse ano é predermos o triplo de milicianos que prendemos no ano passado. Com essa consciência coletiva de combate às milícias temos várias operações em andamento, diversas operações de prisões e diversas operações que vão muito além da prisão”, destacou Turnowski, em audiência realizada na Comissão de Direitos Humanos do Senado.

De acordo com Turnowski, a prática da "polícia sem rosto" foi inspirada nas operações realizadas pela Polícia Federal e hoje, no Rio de Janeiro, vem sendo adotada também pelo Ministério Público e pelo Judiciário.

“Adotando a estratégia da Polícia Federal, de polícia sem rosto, reunimos dez delegados e pedimos a cada um que indicasse apenas um de seus melhores policiais. Levamos esses policiais para um escritório e eles trabalharam em conjunto com outros delegados. Na hora de realizar as operações, outros policiais é que foram utilizados. O Ministério Público também percebeu a necessidade de criar um grupo maior para que as investigações não ficassem em cima de uma pessoa só, de um só promotor. O Tribunal de Justiça também percebeu isso e criou o seu próprio grupo”, destacou Turnowski.

O chefe da Polícia Civil defendeu ainda que o combate às milícias não pode ser feito apenas com o aparato das polícias e destaca que há uma vontade política do atual governo para enfrentar o problema.

“O combate às milícias extrapola o poder da polícia porque as milícias entraram em uma terceira etapa em sua formação que foi a entrada de políticos nas organizações. Essa terceira etapa fez com que a questão de milícia viesse à tona. Para combatermos esse tipo de milícia nós teríamos que ir para um patamar político, ou seja, nós precisamos não só de polícia mas do envolvimento de todos os segmentos da sociedade. Nós tivemos um momento muito difícil quando se misturava política e segurança pública. Hoje já não é bem assim”, destacou.

Além de prender, ele também ressaltou que é necessário que o Estado se faça presente imediatamente nas áreas dominadas, para evitar que outras facções, tanto de milícias quanto de tráfico, tomem conta da comunidade.

“Ao combater a milícia, abre-se um vácuo de poder naquela comunidade que pode ser ocupado pelo tráfico ou por outra organização, às vezes da própria milícia. Com a ocupação pelo tráfico, pode ser ainda pior para a população pois sabemos que todos aqueles que um dia apoiaram a milícia provavelmente serão vítimas de homicídios por terem sido desse apoio”, considerou.

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