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PMDB-PSDB, mais afinidades do que diferenças

Manoel Afonso - 24 de março de 2017 - 11:33

PMDB-PSDB, mais afinidades do que diferenças

O PODER vicia. Encontrei na Assembleia Legislativa com o ex-prefeito de Paranaíba ‘José Braquiária’ (PDT). Pelas expressões usadas, ainda não se conforma com a perda do mandato em 2013 pela Justiça Eleitoral e com a posse de Diogo Tita (PPS), segundo colocado nas eleições.

CONTRADIÇÃO Embora ele tenha criticado os políticos em seu desabafo e dito que não pretende disputar outra eleição, continua filiado ao PDT. E minutos após lá estava o ex-prefeito sorridente numa selfie ao lado do deputado estadual Beto Pereira (PSDB). Pois é, política só tem uma porta, a de entrada.

O EPISÓDIO mostra o cenário das cidades interioranas, onde práticas políticas se repetem às vezes em prejuízo da comunidade ou de personagens de bom caráter e sem o perfil compatível. Imagino quantos perdedores existam sonhando com a revanche vitoriosa. Sonho que pode virar pesadelo.

EX-PREFEITOS Deles ouço lamentos incríveis e narrativas carentes de modéstia, recheadas de críticas mordazes aos adversários. Mudam só os personagens para os quais sempre dou muita atenção, mas o eixo central do enredo é sempre o mesmo. E todos têm saudades do poder.

O PREÇO! Concordo com as falas dos políticos e autoridades sobre a Operação Carne Fraca, mas lembro: a imagem do brasileiro lá fora e sua mania de levar vantagem reforça a desconfiança. Os frigoríficos que exportam carne bovina são os mesmos que esfolam o produtor com preços baixos na hora do abate. Seriam eles éticos na exportação?

CONCLUSÃO Ontem, os pecuaristas criticavam o monopólio do JBS ditando os preços, hoje viraram seus defensores. Ruim com ele, pior sem ele. Um país que espanta o mundo com escândalos diários, da corrupção à violência, corre o risco de pagar pelo ‘conjunto da obra’ – ou a seja – a fama ruim que construiu lá fora.

PERA LÁ! O mundo precisa de proteína animal. Perder 10% do mercado internacional da carne é pouco. Ora! As empreiteiras perderam 100% do mercado exterior e nem por isso vão quebrar. E a gente tem que admitir: existem ex-presidentes da República de prontidão para fazer lobby como sempre. O pepino maior ficará, é claro, para o pecuarista. Lamentável.

CHICO MAIA O ex-presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de MS) agrada na análise do quadro decorrente da Carne Fraca. Foi assim também na Câmara Municipal da Capital. Os vereadores João Rocha (PSDB) e Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), por exemplo, lembravam: o fato de o município de Campo Grande ter grande parte de sua base territorial ocupada pela pecuária e a geração de empregos diretos da indústria frigorífica.

PAULO DUARTE Agradável. O ex-prefeito de Corumbá festejado pela sua volta como assessor da presidência da Assembleia Legislativa para missões pontuais. A primeira: taxas cartorárias. O presidente Junior Mochi (PMDB) elogiado pela nomeação à pedido do ex-governador André Puccinelli (PMDB) e com as bençãos do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

A NOTÍCIA é emblemática pelas circunstâncias e revela parte da costura política alinhavada entre PMDB e PSDB. Paulo Duarte é do PDT, é peça chave nas eleições de 2018 na região corumbaense. Fiscal de rendas do Estado, sua cedência ao legislativo é um gesto de boa vontade do governador Reinaldo. Entendeu?

NA POLÍTICA às vezes as aparências enganam. Com a derrocada do PT, PMDB e PSDB vão revendo objetivos para 2018. O deputado estadual Junior Mochi – fiel escudeiro do ex-governador André, tem tido papel importante nas interlocuções, aparando arestas e acomodando interesses. Ganha musculatura no PMDB e no próprio contexto estadual.

A RECEITA da sobrevivência e ascensão política começa pela atuação no partido , depois pela capacidade de articulação junto a outros grupos . A postura de Jr. Mochi leva-o a um patamar diferenciado, ajudando na governabilidade e criando clima para a reaproximação de André e Reinaldo, inclusive. Há quem sustente; as identidades entre esses dois líderes são maiores que as divergências.

OUTRO FATO relevante é a nomeação de Alessandro Menezes de Souza para a chefiar a articulação política no lugar de Sergio de Paula. Na sua biografia: foi assessor do ex-deputado federal Edson Giroto (PR), ex-presidente regional do Solidariedade sob influência de Puccinelli e participou da gestão de Gilmar Olarte (PP) na prefeitura da nossa Capital. É mais uma peça a compor esse ‘quebra cabeça’ político.

GOVERNO Enfrenta dificuldades pontuais, mas sem perder o equilíbrio. Após a reforma administrativa, quer aprovar o ‘teto dos gastos’ . Essa questão da queda do ICMS-Petrobras é outro desafio, seguido pelas reivindicações salariais. Deve pesar a capacidade de articulação política junto ao Governo Federal para obter ajuda e algumas concessões. Neste ponto, toda a bancada federal já percebeu: a união será decisiva.

SURPRESAS acontecem na política. No pleito de 2014 houve a aproximação entre Reinaldo e o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT). Poderiam até ter caminhado juntos, mas deu no que deu. Quem analisar o contexto nacional e o quadro político e econômico do Estado, admitirá: há um terreno fértil para se negociar e transigir.

A FUNÇÃO do jornalista não é apenas escrever a notícia. Vai além; fazendo a leitura do presente sem esquecer o passado, adicionando conhecimento dos personagens e as previsões possíveis. Esse conjunto de fatores ajuda a passar ao leitor a análise do que ocorre não só a céu aberto, como nos bastidores. É o velho jogo do poder.

PERFIL Com 2.930 votos, o pastor Jeremias Flores se elegeu vereador na Capital pelo PT do B, numa coligação inteligente com o DEM e PHS. Aos 47 anos, tendo cursado o Ensino Médio, tem boa visão social da comunidade periférica principalmente. Equilibrado, está consciente da responsabilidade e não abre mão de uma boa assessoria técnica. Certo ele.

APOSENTADORIA Que tal rever ou pelo menos publicar os valores das aposentadorias dos nossos políticos? Não são poucos aqueles que recebem várias delas. Nessas horas em que se discute o delicado problema, não ouvi uma só referência sobre isso. O preclaro deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) não tocou na ferida. Entendi.

CRISE O Governo anuncia festivamente que a inflação caiu. Mas esquece de dizer que essa é pior recessão vivida. O dinheiro sumiu. Há gente com saudade daquele período de inflação do presidente José Sarney, onde pelo menos havia dinheiro girando na praça. Nossos economistas com suas teses mirabolantes não vão ao supermercado.

PONTO FINAL Campanha eleitoral antecipada não é crime? Só o Tribunal Superior Eleitoral não viu. Quem pagou o palco gigantesco que abrigou Lula e Dilma no comício sobre a transposição do São Francisco? Quem pagou a viagem de ambos naquele jatinho até o nordeste? Quem pagou o show do cantor Chico Cesar?

“Abra os olhos para o poder dos Incentivos Fiscais. Bem incentivado, todo fiscal fecha os olhos” (Fraga)

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