Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Terça, 23 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Plenário se divide entre apoio e afastamento de Severino

Agência Câmara - 06 de setembro de 2005 - 08:23

Enquanto líderes e representantes da oposição pediram nesta segunda-feira, em plenário, o afastamento temporário do presidente da Câmara, deputados do PP e do PTB defenderam a permanência de Severino Cavalcanti na presidência.
O presidente nega as acusações de corrupção em três notas oficiais. Ele pediu à Corregedoria da Casa, à Polícia Federal, ao Tribunal de Contas da União e à Diretoria-Geral da Câmara para investigar as denúncias.

Inocentado por empresário
Na avaliação do deputado Benedito Dias (PP-AP), Severino foi inocentado no depoimento dado hoje pelo empresário Sebastião Augusto Buani a uma comissão de sindicância da Câmara. Benedito Dias leu, em plenário, um trecho do depoimento em que Buani afirma não ter sido o autor das denúncias contra Severino.
"O depoimento encerra a suspeita de envolvimento do presidente da Câmara", frisou o parlamentar. "O empresário também disse que não vê nenhuma irregularidade nos procedimentos adotados pela Câmara no curso de todos os contratos firmados com ela, bem como nas prorrogações."
Conforme o relato do deputado, Buani negou a existência de um manuscrito onde teriam sido narrados os fatos relativos ao restaurante. "Buani tomou conhecimento, pela imprensa, que um ex-funcionário teria oferecido o suposto dossiê para uma outra revista em troca de vantagem financeira", ressaltou.
Dias também questionou onde estariam as provas contra o presidente da Câmara. O deputado argumentou que a primeira prova da inocência de Severino é o fato de ele ter sido, em 2003, o segundo-secretário da Casa, o que o "impediria de influir de qualquer modo nos contratos" do restaurante.
A deputada Elaine Costa (PTB-RJ) protestou contra o que ela considera um "movimento orquestrado" contra o presidente. Segundo a parlamentar, ele está sofrendo um julgamento político por parte da imprensa e de alguns deputados, sem que haja prova de que cometeu qualquer irregularidade. "Severino já recebeu demonstrações explícitas de preconceito por sua origem humilde e nordestina. Agora há uma perseguição para desmoralizá-lo", afirmou.
As "denúncias infundadas" contra Severino são, segundo Elaine Costa, uma "violência contra o Estado Democrático de Direito". "Eu li e reli a matéria leviana da revista Veja. Não há absolutamente nenhuma prova, apenas denúncias vazias de conteúdo e realidade", avaliou.

Retaliação a cortes
O deputado Wagner Lago (PP-MA) acredita que as denúncias contra o presidente da Câmara podem ter sido retaliações aos cortes de gastos promovidos pela atual Mesa Diretora. "Na gestão de Severino, tem havido uma grande economia de verbas publicitárias e de despesas de custeio da Câmara. Isso pode ter levado a uma insatisfação que provocou um aproveitamento político", afirmou em plenário.
Segundo Wagner Lago, pode-se até discordar ideologicamente de Severino, mas ninguém tem o direito de atingir a reputação do presidente, que "dirige a Casa com austeridade e correção". "Existe hoje um denuncismo generalizado, com base em acusações sem lastro", lamentou.

Afastamento de Severino
O líder da Minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), argumentou que Severino deveria se afastar da Mesa Diretora até que fossem concluídas as investigações. "As denúncias não estão provadas, mas o presidente perdeu a condição de comandar as investigações e o andamento da Casa neste momento", disse Aleluia.
O afastamento provisório de Severino, na opinião do líder do PSDB, deputado Alberto Goldman (SP), permitiria que as investigações fossem aprofundadas "sem nenhuma limitação ou constrangimento". "Se fosse provada a sua inocência, ele estaria de volta com toda a nossa simpatia e carinho". Goldman garantiu ainda que o PSDB não está por trás de nenhuma denúncia contra Severino.

Juiz e réu
O vice-líder do PPS, deputado Raul Jungmann (PE), anunciou que a legenda também subscreveu pedido suprapartidário para que Severino Cavalcanti deixe a Presidência da Câmara durante a apuração das denúncias. "O problema é que como presidente seria ao mesmo tempo juiz e réu, o que causaria uma situação constrangedora para ele e para todos nós."
Para o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), a saída do presidente seria necessária "para ajustar a Câmara ao Brasil". Para o deputado fluminense, "Severino não tem mais condições de ser o árbitro das investigações conduzidas pela Casa neste momento tão delicado da nossa história", completou.
Ao pedir o afastamento de Severino, o vice-líder do PFL Ronaldo Caiado (GO) sugeriu que o presidente cancele sua viagem a Nova Iorque, onde participará de conferência na Organização das Nações Unidas (ONU), e permaneça no País, "para enfrentar as denúncias e dar liberdade aos parlamentares na investigação".
O deputado Babá (sem partido-PA) concorda que as denúncias contra o presidente da Câmara são "gravíssimas". Segundo Babá, Severino deveria se afastar da Mesa Diretora "para permitir que as investigações avancem".


Reportagem - Eduardo Piovesan e João Pitella Junior
Edição - Francisco Brandão

SIGA-NOS NO Google News