Pelo quarto dia consecutivo a policial militar Elenir Menezes de Souza, 35, vai ao banco e volta para casa sem dinheiro nem explicação. Ela esteve hoje na agência central do Banco do Brasil de Campo Grande, na esquina da Afonso Pena com 13 de Maio, e não conseguiu fazer o empréstimo do dinheiro equivalente ao salário de dezembro que ainda não recebeu. “Não tenho restrição, mas não consegui”, conta, reclamando da falta de informação do banco. Vendo as contas se acumular enquanto as economias já foram queimadas, a servidora resume o estado de espírito com a situação: “estou decepcionada”.

O plantão do final de semana foi instituído no Banco do Brasil exatamente para atender os servidores que ainda não conseguiram fazer o empréstimo. Segundo a assessoria de imprensa do banco, 50 mil servidores já conseguiram o crédito cujos juros serão pagos pelo governo do Estado. Isso representa R$ 77 milhões já liberados até agora. Quem for ao banco hoje e amanhã só terá o dinheiro na conta na segunda-feira. Segundo o banco, só tem problemas para conseguir o dinheiro quem tem as chamadas “restrições absolutas” ou com algum problema para operar suas contas, como o CPF inválido, por exemplo.

Estar ou não inscrito nos cadastros de inadimplentes não atenua o estado de revolta por ter trabalhado e não conseguir receber. Um casal de policiais militares, cujos nomes pediram para manter sob o anonimato, foi ao banco neste sábado para tentar fazer o empréstimo. Ambos estão com restrições de crédito. Deixaram a agência sem o dinheiro mas com uma promessa: teriam o dinheiro liberado na próxima quarta-feira.

“Me sinto mendigando, implorando o que é meu”, irritava-se o homem, enquanto deixava a agência para voltar para casa com a mulher e a filha de 9 meses.