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Piloto testemunhou acidente com jato de Campos: 'Condições extremas'

G1 - 16 de agosto de 2014 - 08:20

O piloto privado Matheus Giovannini, de 21 anos, relatou o que presenciou no momento do acidente aéreo, que resultou na morte do ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, e mais seis pessoas, na manhã de quarta-feira (13), em Santos, no litoral de São Paulo. Segundo o piloto, as condições climáticas não eram favoráveis para o voo no dia.

Giovannini não descarta que problemas mecânicos possam ter ocorrido após a aeronave arremeter o pouso na Base Aérea de Santos, em Guarujá, no litoral paulista. Para ele, algo que pode ter contribuído para o acidente. “A pista é razoavelmente curta, mas suficiente para um pouso normal. O problema é que com o tempo que fazia no dia, as condições se tornam extremas. O vento estava bem forte e a visibilidade era de 3.000 KM, próximo do mínimo, e para o pouso o limite é de 700 pés. Naquele dia, em Santos, as condições eram de 800 pés. Ele não conseguiu ver a pista, estava arriscado pousar e, provavelmente, por conta disso, ele decidiu arremeter. Agora, o motivo pelo qual ele voava tão baixo depois da arremetida ainda é um mistério”, diz.

O piloto conta que não detectou qualquer sinal de fogo ou fumaça saindo da aeronave, momentos antes da queda. “Pelo breve momento que eu pude observar a aeronave, não consegui identificar fogo ou rastro de fumaça. Parece que o avião estava limpo. Não vi nenhum dano à fuselagem”, revela.

Indagado sobre o que poderia ter causado o acidente, Giovannini prefere ser cauteloso, apesar de apontar alguns aspectos técnicos que poderiam levar à queda. “Conversei com alguns comandantes que já voaram com esse tipo de aeronave e eles relataram que quando há problema desse gênero eles recolhem os flaps (dispositivos hiper-sustentadores que consistem de abas, existentes na parte posterior das asas). Isso ajuda a aeronave a frear no ar, estabilizando-a. Porém, depois que ele arremeteu, obrigatoriamente, você teria que tirar os flaps. Talvez, na hora de tirar o último, como ele estava acima de 200 nós, com a velocidade excessiva, o avião pode ter empinado com o nariz para baixo. No entanto, também não sei o que pode, tecnicamente, ter levado a aeronave a voar tão baixo depois da arremetida. Não sabemos o que aconteceu. Mas, a pista não era indicada para o pouso, nas condições em que ela estava”, comenta.

O piloto, que trabalha próximo ao local onde o acidente ocorreu, relembra que as janelas e vidraças do edifício chegaram a se quebrar por causa do barulho da aeronave. “Ouvi o barulho forte dos motores e eles pareciam estar em força máxima. Foi um barulho estridente, incomum nessa situação de voo. Alguns vidros de janelas e vidraças da parte debaixo do prédio onde trabalho, perto da área do acidente, se quebraram”, destaca.

Já sobre a possibilidade de o piloto do voo de Campos ter escolhido a área onde tentaria um pouso emergencial, Giovannini não crê nessa possibilidade. “Tecnicamente, eu não sei o que pode ter levado a aeronave a voar tão baixa na curva de arremetida. Basicamente, o piloto estava sem visibilidade e se deparou com o prédio em cima, por isso fez uma curva de grande inclinação, o que provavelmente o levou a perder o controle da aeronave. Eu acredito que ele não tinha muitas condições para escolher onde pousar. Se ele voasse por mais 10 segundos, chegaria ao mar, onde ele teria melhores condições de um pouso mais suave, do que imbicar em direção ao solo”,

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