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PF retém mais maconha e menos cocaína no Estado

Marta Ferreira e Cristiane Rocha / Campo Grande News - 04 de novembro de 2004 - 15:41

Dados da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul apontam que está havendo um encolhimento das apreensões de cocaína no Estado, enquanto as quantidades de maconha retiradas de circulação aumentam.
De janeiro a outubro deste ano, a corporação já apreendeu quase o mesmo de maconha que no ano passado inteiro. Em dez meses, foram 63,4 toneladas da droga. No ano passado, nos 12 meses, haviam sido 65,4 toneladas, diferença de 16,6%.
Em relação às apreensões de cocaína, a contagem é de 988 quilos no ano passado e 523 quilos entre janeiro e outubro de 2004, ou seja, pouco mais que a metade do ano passado.
Considerando a média mensal, a quantidade de maconha aprendida passou de 5,4 toneladas por mês no ano passado, para 6,3 toneladas este ano. Em contrapartida, a média mensal de cocaína que os policiais federais apreenderam passou de 82 quilos por mês no ano passado para 52 quilos este ano, uma diminuição de 36%.
Os dados da Polícia Federal indicam ainda que este ano, até outubro, foram apreendidos 11,7 quilos de haxixe. Em 2003 inteiro, foram 25 quilos. Esses números também apontam uma redução nas retenções de haxixe. A média mensal foi de 2 kg em 2003 para 1,1 kg este ano.
O crack, feito com sobras de cocaína, também foi apreendido em menor quantidade. Foram 6,7 kg de janeiro a outubro passados e 1,7 quilo apenas no ano corrente. Mensalmente, foram 500 gramas no ano passado e 170 gramas este ano, uma queda de 66%.
O balanço da Polícia Federal não aponta a apreensão de drogas que são consideradas raras em Mato Grosso do Sul, como LSD e ecstasy em 2004. No ano passado, o relatório indica que foram retirados do mercado 16 unidades de LSD e 47 comprimidos de ecstasy, droga sintética de alto consumo em muitas partes do mundo.Isso não quer dizer que essas drogas não circulem no Estado.
Na semana passada, por exemplo, um jovem foi preso em um ponto de venda de droga em Campo Grande com maconha, haxixe, LSD e ecstasy em pequenas quantidades.A Polícia Federal identifica na queda das apreensões de cocaína, além do resultado do próprio trabalho de repressão, um comportamento que tem a ver com a lei que rege todos os mercados.
A cocaína é mais cara. Já a maconha, tem preço menor. Por isso, uma de venda mais fácil e por tanto sua “liquidez” é maior. A outra, representaria mais riscos. De toda a maconha apreendida no Brasil, 60% são encontrados em Mato Grosso do Sul. A Operação Aliança, desenvolvida na região de fronteira, é apontada também como um dos fatores de aumento da quantidade de maconha apreendida. Só na última operação, foram apreendidos 1,9 tonelada de maconha e destruídos 234 hectares da droga no Paraguai, que renderiam mais de 700 toneladas.
De acordo com os dados da Polícia Federal, a maior parte das apreensões de cocaína é feita pela unidade sediada na Capital. Do total de cocaína apreendidos, 696 quilos aparecem como ação da superintendência da Polícia Federal.
A explicação pode estar no fato de que os agentes da PF em Campo Grande muitas vezes desenvolvem ações em outras regiões, além do fato de que as ocorrências feitas por outras corporações também são repassadas para a superintendência.
Em segundo lugar está Corumbá, esta sim considerada porta de entrada da cocaína no Estado. No número de apreensões de maconha, Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, próxima a localidades consideradas quartéis no narcotráfico, foi o município que registrou maior volume em 2004, sendo responsável por 45% das apreensões no Estado.
Acostumado a julgar casos que envolvem traficantes, o juiz federal Odilon de Oliveira considera que o volume de drogas ilegais apreendido é pequeno se comparado com o total que pode estar passando despercebido.
“Para que um número maior de entorpecente fosse apreendido seria necessário pelo menos o dobro de agentes federais trabalhando hoje em Mato Grosso do Sul, além de um trabalho conjunto com a polícia do Paraguai, considerado o maior produtor mundial de maconha”.
De acordo com o juiz federal, só o aumento no número de efetivo e o trabalho conjunto com a polícia do Paraguai pode proporcionar um combate mais eficaz, já que, segundo ele, 80% de toda a droga consumida no Brasil vêm do país vizinho.

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