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Pesquisadores encontram molécula que auxilia o combate à anemia

EPharma Notícias - 15 de agosto de 2017 - 15:30

Uma das tarefas essenciais para o corpo humano é o transporte de ferro, mineral associado à produção de glóbulos vermelhos e ao transporte do oxigênio. Falhas nesse mecanismo podem provocar a anemia, entre outros problemas. Pesquisadores dos Estados Unidos apostam em uma molécula presente em uma planta bastante popular na Ásia, o cipreste japonês, para evitar a complicação. O hinokitiol foi testado em fungos, peixes e ratos, e surtiu efeito promissor. Para os autores do estudo, publicado na revista americana Science, o resultado pode ajudar em terapias futuras.

“Sem ferro, a vida, em si, não seria viável. O transporte desse mineral é muito importante por causa do papel que ele desempenha no transporte de oxigênio no sangue, em importantes processos metabólicos e na replicação do DNA”, explica ao Correio Barry Paw, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade de Illinois.

Inicialmente, Paw e colegas descobriram a molécula que ajuda no transporte de ferro do organismo. O hinokitiol é um pequeno composto que pode se ligar ao mineral e, por meio da membrana plasmática, levá-lo a locais em que ele é necessário. “Essa molécula está presente em árvores Hinoki, naturais de Taiwan, e em outras árvores de madeira de cedro”, detalha o investigador.

Para comprovar a eficácia do hinokitiol, foram feitos testes com leveduras, peixes-zebra, ratos e células de mamíferos. Todas as amostras tratadas com a molécula tiveram o efeito esperado: a administração da substância aumentou a produção de hemoglobina, proteína que transporta oxigênio no sangue de vertebrado. “Se há um erro genético, as membranas celulares não se abrem, impedindo que o ferro se mova. Mas quando você administra o hinokitiol, essa barreira é transpassada”, complementa Paw.

De acordo com os cientistas, o efeito do hinokitiol nas cobaias é bastante animador, pois mostra que a molécula poderia ser usada como um tratamento extremamente necessário. “Se você está doente porque tem muita função proteica, em muitos casos, podemos fazer algo a respeito. Mas se você está doente porque está perdendo uma proteína que é responsável por uma função essencial, é difícil conseguir fazer algo além de tratar os sintomas. É uma enorme necessidade médica não satisfeita”, diz Martin Burke, também autor do estudo e pesquisador da Universidade de Illinois. “Essa é uma molécula muito interessante e com muito potencial terapêutico. A anemia ferropriva é o problema nutricional mais comum no mundo”, complementa Paw.

Novos testes

Eduardo Flávio Ribeiro, coordenador de Hematologia do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia e professor da Universidade de Brasília (UnB), classifica o estudo como promissor. “Acredito que já havia um conhecimento popular que apontava para a ação benéfica dessa planta. Agora, ela foi confirmada por meio dessa investigação.”

Segundo o médico, a molécula estudada poderá ser usada para problemas de saúde além da anemia. “Temos outros transtornos que envolvem problemas no metabolismo do ferro, que é muito antigo e recorrente na saúde pública. É o caso da doença celíaca, uma enfermidade que destrói a região do intestino responsável pelo ferro. Temos também pessoas que sofrem com problemas no estômago e usam produtos que interferem no transporte do mineral, como o omeprazol”, ilustra.

Ribeiro ressalta que o hinokitiol precisa ser mais estudado até se definir que o seu uso pode ser prescrito a humanos. “Precisamos saber quais são as repercussões fisiológicas dessa molécula, se ela não causa problemas ao corpo, se pode causar complicações no sistema cardiovascular, por exemplo, e qual dose seria a segura”, sugere. Os cientistas planejam novos testes com a substância. “Claramente, ensaios clínicos mais extensivos em humanos são necessários para testar todo o potencial e o perfil de toxicidade do hinokitiol”, diz Paw.

Falha alimentar
Ocorre devido à deficiência ou à privação de ferro, levando à diminuição da produção de hemoglobina. Crianças, adolescentes, idosos e gestantes são os grupos mais vulneráveis, sendo acometidos principalmente por conta de problemas na dieta. Pessoas com hipotireoidismo podem desencadear essa anemia como uma manifestação secundária, vegetarianos mal orientados também correm o risco de ficarem anêmicos.

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