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Pesquisadores criam vacina contra alergia de insetos
Pesquisadores do Instituto de Investigação em Imunologia (iii), em parceria com a Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), campus Rio Claro, têm desenvolvido vacinas mais eficazes que as importadas, para o tratamento de alergias causadas por ferroadas de insetos, como vespas, abelhas e formigas. O tratamento oferece de 98% a 100% de eficácia.
Segundo Fabio Morato Castro, professor de Imunologia Clínica da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador do iii, as vacinas disponíveis atualmente no mercado, produzidas nos Estados Unidos e Europa, são desenvolvidas com materiais coletados em países de clima frio, onde as espécies endêmicas de insetos são diferentes das existentes no Brasil, que apresenta clima quente.
Com isso, o uso dos extratos de venenos importados provoca reações colaterais desconfortáveis e até risco de choque anafilático para o paciente. Além disso, a reação imunológica esperada nem sempre ocorre. As substâncias presentes no veneno de uma vespa européia podem não existir no veneno de uma vespa brasileira, por isso é necessário identificar o inseto agressor, coletar o veneno e preparar um antídoto padrão, explica.
O objetivo do iii é avançar no estudo de todas as proteínas que compõem os venenos dos insetos brasileiros da ordem Hymóptera, e preparar kits de diagnósticos mais precisos, além de kits de imunoterapia seguros e isentos de efeitos colaterais.
Se antes precisávamos do inseto todo para obter a vacina, hoje é necessário apenas o veneno, comenta o cientista, que espera em curto espaço de tempo manipular geneticamente essas substâncias. Além disso, estender a pesquisa na cura de outras doenças, prevê Castro.
O iii é considerado referência no diagnóstico e imunização de alergias causadas por insetos, na América Latina. Atualmente, o Instituto atende cerca de 70 pessoas, inclusive estrangeiros, através do Hospital das Clínicas, em São Paulo, e outras clínicas parceiras. Embora pouco divulgada, a ocorrência de picadas de insetos é muito comum no Brasil, onde o número de alérgicos gira em torno de 4 e 12%.
As alergias a insetos possuem diferentes níveis de reações, da formação de inchaço, vermelhidão, urticária, até ocorrência de taquicardia, sudorese, variação de pressão arterial, edema de glote, parada respiratória até um choque anafilático.