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Pesquisadores apontam relação entre álcool e violência

Clara Mousinho - Agência Brasil - 06 de outubro de 2007 - 15:21

Dois trabalhos científicos sobre álcool e drogas mostram a relação entre o uso do álcool e a violência. As pesquisas foram premiadas pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) durante o 1º Seminário Internacional da Rede de Pesquisa sobre Drogas, que aconteceu nestas quinta-feira (4) e sexta-feira (5). Seis estudiosos foram premiados pelo 1º Edital de Premiação de Pesquisadores e Trabalhos Científicos sobre Álcool e/ou outras Drogas.

O pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Gabriel Andreuccetti, recebeu o prêmio pelo trabalho "Uso de Álcool por Vítimas de Homicídio no Município de São Paulo".

Andreuccetti analisou 2.007 vítimas de homicídio no ano de 2005 no Instituto Médico Legal (IML) paulista. Ele constatou que 863 pessoas assassinadas tinha consumido álcool, sendo que 785 delas tinham mais de 0,6 gramas de álcool por litro de sangue.

Segundo o pesquisador, existem mais de uma hipótese para essa relação entre pessoas assassinadas e o consumo de álcool. “São as vítimas precipitantes, onde os homicídios seriam precipitados pela vítima. Há também a hipótese de que a medida de alcoolemia (embriaguez) nas vítimas serve como medida de alcoolemia nos agressores. Alguns estudos internacionais já feitos demonstraram que a alcoolemia da vítima era similar a do agressor”.

Outra pesquisa premiada é do médico pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Sérgio Duailibi, com o estudo "Políticas municipais relacionadas ao álcool: análise da lei de fechamento de bares e outras estratégias comunitárias em Diadema (SP)". “Essa ligação era muito forte. Tanto que Diadema em 1999 foi a cidade que teve o maior número de homicídios. Foram 109 homicídios por 100 mil habitantes”, explicou.

Em 2002, os bares da cidade foram proibidos de abrir após as 23 horas. Segundo o pesquisador, a medida gerou a diminuição de 59% dos casos de homicídios em Diadema. “Lá havia muita ligação entre álcool e violência por motivos fúteis. Eram brigas de bar ou discussões de jogo de futebol. Com esse link forte o resultado [do fechamento dos bares] é surpreendente”, disse Duailibi.

Ele afirmou que é preciso fazer um trabalho de educação sobre os perigos do álcool, mas disse que a punição também ajuda na redução da violência. “Isso não vai funcionar se você não tiver inicialmente uma punição. No caso, ela seria para os donos de bares que abrissem após as 23 horas. É triste e uma limitação de liberdade talvez. Essa medida exagerada é para que pudesse se estabelecer o controle. Agora a parte educacional pode começar a funcionar”, defende.

Duailibi disse ainda que o caso de Diadema poderia ser usado em todo o país. “Essa ligação praticamente deve existir no Brasil inteiro. O fechamento de bares deu certo, porque há um descontrole social em relação às bebidas alcoólicas. A venda é indiscriminada em vários pontos a preços muito baixos. Quando você diminui o acesso ao álcool, seja diminuindo o número de bares, ou de licenças para vender o álcool, a tendência é aumentar o preço e diminuir a possibilidade da pessoa consumir”, explica.

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