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Mundo Fitness: pesquisa sugere terapias na água para prevenir quedas de idosos
Mundo Fitness
Quedas dentro de casa ou em uma simples caminhada pela rua são, para um idoso, motivos para real preocupação. Afinal, o corpo está mais frágil e qualquer trauma pode representar implicações significativas para a pessoa: dificuldades para caminhar, propensão à adquirir doenças mais graves, depender excessivamente de médicos e familiares e outros fatores.
Segundo Juliana Monteiro, fisioterapeuta e pesquisadora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), a maioria dos idosos tem uma perda de equilíbrio, força muscular e mobilidade que pode levá-los a cair – e as quedas fazem com que essas pessoas adquiram outras doenças e suas complicações. Tendo isto em vista, Juliana desenvolveu um trabalho de prevenção de quedas para idosos através da hidroterapia.
Com o uso de terapias dentro da água, a pesquisadora buscou montar um trabalho preventivo de força, habilidade e equilíbrio para pessoas de idade avançada. A pesquisa foi desenvolvida em algumas etapas. Primeiro, foram medidas a força muscular e a mobilidade dos músculos considerados mais importantes em 16 idosos sedentários, de idades entre 65 e 70 anos. Após um processo de adaptação ao meio aquático, foram feitos exercícios por quatro meses dentro de uma piscina aquecida. Passado este período, as medidas iniciais foram recontadas, e foi aí que se detectaram os benefícios. Juliana acrescenta que a melhora da mobilidade faz com que o paciente melhore seu equilíbrio, e este conjunto de fatores leva à prevenção das quedas.
Quando se trata de pacientes de idade avançada, a importância dos exercícios serem feitos na água são grandes. Fora do ambiente aquático, seria muito difícil a execução dos movimentos propostos pelo programa, além da existência da possibilidade de lesões nas articulações e sobrecarga nas pernas. A temperatura da água também conta, ela é mantida alta (em torno de 36ºC) para diminuir as dores trazidas pelos pacientes.
Junto destes fatores está a informalidade do ambiente onde a hidroterapia é feita, que melhora a sociabilidade dos participantes do programa. Na piscina, a fisioterapeuta, de maiô e chinelos, não intimida o paciente e acaba “entrando para a família”.
Os exercícios
Segundo Juliana, existem pacientes que amam e outros que odeiam a água. Na primeira sessão do seu projeto, muitos sentiam insegurança e não se movimentavam muito. A situação não permitia a execução dos movimentos, e então um trabalho de adaptação foi feito “para que eles pudessem aproveitar toda a liberdade da água”, conta a fisioterapeuta. Após este período inicial, os exercícios realizados são simples. Entre saltos e caminhadas, os membros inferiores e superiores são fortalecidos.
Depoimentos
Após 30 sessões, a pesquisadora coletou depoimentos dos pacientes. Uma das participantes da pesquisa, que com a invalidez e o abandono da família chorava muito, conta que seu quadro emocional teve melhoras significativas. Alguns relatam que notaram os benefícios financeiros do exercício físico, pois diminuíram o número de remédios que tomavam e as dores que sentiam – os custos dos remédios eram superiores aos pagos em academias de hidroginástica.
Um dos depoimentos mais bonitos, segundo a fisioterapieuta, veio por conta de uma das atitudes mais simples. Uma paciente contou que escolheu saltar uma poça d´água que tinha em seu caminho, ao invés de dar a volta para poder passar, como fazia rotineiramente. Uma atitude tão corriqueira mostrou que aquelas sessões semanais tinham dado confiança para alguém que se sentia inválida.
O balanço final foi que a junção dos benefícios físicos, emocionais e financeiros, dos exercícios físicos praticados por idosos, pode fazer com que eles melhorem sua qualidade de vida, indo além dos objetivos iniciais da pesquisa.
Texto:
Amanda Demetrio / USP Online