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Pesquisa mostra alterações em portadores de Chagas

Agência Notisa - 04 de fevereiro de 2005 - 08:45

Trabalho publicado na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Usp investigou 27.081 trabalhadores de uma indústria mecânico-metalúrgica de São Paulo.

A doença de Chagas, causada pela infecção do parasita Trypanosoma cruzi transmitida pelo mosquito Barbeiro tem como característica mais expressiva uma miocardite (inflamação do músculo cardíaco) que, mesmo não apresentando sintomas que permitam detectá-la, é capaz de provocar significativas alterações no eletrocardiograma (ECG) das pessoas. A principal causa de morte entre os infectados está relacionada à insuficiência cardíaca e arritmia. Há atualmente cerca de 17 milhões de pessoas infectadas pelo T. cruzi no continente americano e 90 milhões expostas ao risco. Os dados, divulgados pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), apontam aproximadamente cinco milhões de pessoas infectadas somente no Brasil. O aumento no número de pacientes com doença de Chagas em áreas urbanas deve-se, principalmente à migração de áreas rurais e transfusões sangüíneas.

Estudos realizados entre pacientes infectados pelo T. cruzi com o objetivo de avaliar alterações em exames eletrocardiográficos (ECG) costumam utilizar, como grupo de controle, indivíduos em ambiente hospitalar ou residentes em áreas rurais endêmicas. Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP analisaram a ocorrência de mudanças nos exames de ECG relacionadas a doença de Chagas entre trabalhadores urbanos. Para a pesquisa, foram selecionados 27.081 trabalhadores de uma indústria mecânico-metalúrgica de São Paulo.

Segundo artigo publicado na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, ed. nov./dez. 2004, “uma comparação utilizando trabalhadores infectados pelo T. cruzi e uma amostra aleatória de trabalhadores soronegativos para infecção por este parasita revelou que os indivíduos soropositivos apresentam 42,7% mais alterações eletrocardiográficas. Entre os indivíduos não infectados, apenas 19,8% manifestaram alguma alteração em exames de ECG”.

O estudo também constatou que os trabalhadores infectados possuem menor nível de escolaridade. Por outro lado, quando os grupos foram analisados por faixa etária observou-se uma grande variação, especialmente entre trabalhadores com menos de 40 anos de idade.

Os pesquisadores também avaliaram o possível efeito do tempo de permanência em áreas endêmicas entre os indivíduos infectados quando relacionado a cardiopatias. As alterações eletrocardiográficas encontradas mostraram-se semelhantes em pessoas que residiram em regiões rurais durante cinco ou dez anos, portanto, o resultado não aponta nenhuma associação direta com as principais alterações de ECG.

A equipe afirma que “a alta freqüência de alterações eletrocardiográficas entre os trabalhadores da indústria mecânico-metalúrgica de São Paulo sugere a necessidade de lhes oferecer assistência médica destituída de qualquer tipo de discriminação. Somente assim seria possível criar condições para diminuir os riscos para a saúde destes trabalhadores e para indivíduos próximos”.


Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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