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Pernambuco, o homem que tinha o coração do tamanho do mundo

Redação - 25 de março de 2016 - 07:20

Pernambuco, o homem que tinha o coração do tamanho do mundo

Joaquim Tenório Sobrinho, o Pernambuco, era considerado o prefeito dos pobres. Em Cassilândia, exerceu o cargo por duas vezes e saiu da Prefeitura mais pobre do que entrou.


E Pernambuco chegou a ser um homem rico, dono de avião, seis fazendas, 18 carroças e tantos outros bens. Mas o seu coração não tinha artérias, tinha emoções. Era um cabra nordestino bom demais da conta. O que aparentemente era seu, na verdade, era dos pobres.


Fazia o bem sem perguntar a quem.


Ele foi prefeito nos anos de 1963 e 1973, depois de ter sido vereador e presidente da Câmara Municipal.
Nem o acidente de avião que sofreu, em que ficou com a face deformada, mexeu com os batimentos de seu coração. Mudou a voz, que ficou anasalada, mas seu coração permaneceu o mesmo, amigo e dócil como poucos.
Esta rápida história sobre Pernambuco só não foi parar nas páginas do livro A História de Cassilândia porque, infelizmente, eu só tomei conhecimento dela alguns meses depois. Infelizmente.


Soube por meio de uma interlocutora para lá de confiável.


Contou-me ela que, lá pelos anos 60, Pernambuco estava viajando no ônibus que fazia a linha Cassilândia a Paranaíba, que, naquela época, tinha uma estrada tão rudimentar, tão cheia de buracos, atoleiros e atalhos, que para se percorrer os 100 quilômetros perdia-se praticamente o dia inteiro. Ou mais.


E foi nessa viagem que entrou no ônibus um homem embriagado. E aí que o motorista parou o ônibus e obrigou o homem a descer.


Quando viu aquilo, Pernambuco também desceu.


O motorista disse:
- Não! O senhor pode subir! Quem é para ficar aqui é só este bêbado porque está dando trabalho e poderá fazer sujeira, vomitar no ônibus.


Pernambuco olhou no relógio e respondeu:
- Senhor, já são 7h da noite, está muito tarde, já está escuro. O senhor não pode deixar este pobre homem aqui no meio do mato, onde tem muita onça e outros animais. Ele vai ser devorado por algum animal. Vai morrer.
O motorista mostrou-se irredutível. Deu com os ombros como dizendo “e daí?”


Então Pernambuco disse:
- Se não tem jeito, eu fico aqui com este homem. Não vou deixá-lo à própria sorte.
- Tudo bem. Se quer ficar aqui com o bêbado, que fique! Eu vou tocar o ônibus!


Quando o motorista subiu no ônibus, uma pessoa perguntou ao motorista:
- O senhor sabe quem é este homem aí?


O motorista respondeu:
- Não! Eu não sei!
- Este é o prefeito de Cassilândia! O senhor vai deixá-lo aqui no meio do mato?


Aí o motorista viu que não tinha jeito e deixou os dois subirem no ônibus – o Pernambuco, dono de um coração do tamanho do mundo, e o pobre bêbado.


Joaquim Tenório Sobrinho, o eterno Pernambuco, era capaz de gestos humanos como este. Pernambuco era conhecido, afinal de contas, como o prefeito dos pobres.


Joaquim Tenório Sobrinho, que empresta seu nome ao prédio da Prefeitura de Cassilândia, era a doação em pessoa.
Ele e Dona Maria deixaram filhos, netos e bisnetos que estão aí para semear o bem e confirmar a generosidade dos Tenório Sobrinho.


CORINO RODRIGUES DE ALVARENGA

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