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Perigo: paciente toma remédio que nem conhece

Agência Notisa - 27 de julho de 2004 - 09:18

“De médico e louco todo mundo tem um pouco” é um ditado popular que o brasileiro parece seguir à risca. A automedicação tem sido uma prática bastante comum no país e, segundo estudos, o remédio mais consumido, sem receita médica, é o analgésico. Uma pesquisa das universidades federais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina avaliou o conhecimento da população sobre os medicamentos compostos pelo ácido acetilsalicílico – princípio ativo presente em muitos analgésicos. O resultado surpreende: quase 90% dos entrevistados desconhecem a substância ativa presente nos medicamentos e os danos que pode causar à saúde.

O estudo, publicado na Revista de Saúde Pública (Vol.38 n.2), entrevistou 124 pessoas em dois bairros de Porto Alegre. Os instrumentos usados para coletar os dados foram uma cartela com cinco tipos de analgésicos contendo ácido acetilsalicílico e uma entrevista com duas perguntas sobre diferenças e semelhanças entre esses medicamentos. A partir do grau de informação que o entrevistado demonstrava, foram formados três grupos: pessoas que demonstravam domínio sobre o assunto, pessoas com domínio limitado e pessoas que não sabiam nada sobre o princípio ativo dos remédios.

Somente 11% dos entrevistados demonstrou conhecer as principais características dos remédios apresentados. Para os pesquisadores, a “disponibilidade dessas drogas fora de estabelecimentos farmacêuticos, como bares, armazéns e mercearias, contrariando disposições legais” pode estimular a compra desses medicamentos, ficando o paciente sujeitos aos riscos da desinformação.

Além disso, apenas os participantes do grupo 1 conseguiram identificar que, embora o ácido acetilsalicílico estivesse presente nos cinco medicamentos apresentados, outras substâncias também estavam presentes na droga. Já o segundo grupo (49% da amostra) não conseguiu identificar que se tratava da mesma substância ativa presente nos cinco medicamentos. Quem estava no terceiro grupo (40%), respondeu que os remédios apresentados tinham todos as mesmas propriedades e funções, não conseguindo evidenciar que os medicamentos eram compostos por várias substâncias.

Os pesquisadores também destacaram o papel da mídia no estímulo ao consumo de drogas analgésicas: é uma “sistemática indução ao uso, pelas propagandas nos veículos de comunicação de massa, especialmente rádio e televisão”, diz o estudo. A pesquisa lembra que 28,5% dos casos de intoxicação que ocorrem no Brasil são decorentes de medicamentos.

Para eles, por outro lado, a informação através dessa mesma mídia continua sendo a maior forma de fazer com que os pacientes evitem riscos decorrentes da automedicação: “Informar a população é uma das formas de minimizar os riscos referentes às intoxicações e ocorrências de eventos adversos”, afirma o estudo.

A pesquisa ainda destaca a importância do profissional de saúde na conscientização do paciente. “Os profissionais da saúde devem reconhecer a diferença entre repassar informações e educar o paciente, pois é difícil avaliar como a informação foi compreendida”, dizem os pesquisadores. O estudo conclui que os pacientes devem ser estimulados a comentar e esclarecer suas dúvidas para que adquiram conhecimentos a fim de usarem remédios de forma segura e racional.


Agência Notisa (jornalismo científico - scientific journalism

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