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Perfume: O Divino

Andreia Mirón* - 24 de março de 2014 - 16:20

Perfume: O Divino

Ela:...enquanto o rei repousa em seu leito, meu perfume exala sua fragrância. Meu amor se assemelha a um sachê e mirra entre os seios.
(...)
Ela: Suave é o aroma dos teus ungüentos. Teu nome é bálsamo derramado; por isso as donzelas te amam.
(...)
Ele: Melhor é o teu amor do que o vinho, e o aroma dos teus ungüentos do que toda sorte de especiarias!
(...)
Ele: A fragrância de teu vestido é como a do Líbano. Meu jardim, minha noiva, manancial. Teu jardim é fonte de águas vivas, torrentes e aromáticas.
Salomão, Cântico dos Cânticos
O perfume acompanha a evolução na história da cultura. E, por diversas vezes, durante o seu decurso, contribuiu não somente com o poder de exalar cheiros agradáveis, mas foi apropriado também como estudo da higiene pessoal, do combate de doenças à conservação de corpos.

O perfume carrega consigo uma personalidade, faz alusões a sentimentos e a situações, pode evocar e estimular emoções através da memória olfativa.

Contribui positivamente com nossa maneira de ser, de como nos vestimos e, principalmente, de como nos expressamos. É a nossa impressão olfativa, nossa marca registrada.

A arte na perfumaria pode ser comparada à arte da música e recebe em sua classificação a principal analogia com a linguagem da perfumaria moderna.

Cada aroma recebe o nome de “nota” e seu blend (mistura) de notas “acordes” ou “harmonia” da fragrância. Cada perfume tem uma sinfonia própria e aromática onde segue um ritmo olfativo - uma combinação harmoniosa.

A diferença da música com a perfumaria, porém, está na representação de suas notas, enquanto a primeira é expressa graficamente com símbolos, a segunda é sentida através do ar pelos três movimentos - do começo ao fim da sinfonia.

As notas superiores (saída ou cabeça) são os perfumes imediatamente perceptíveis. As notas médias (corpo ou coração) emergem depois que o primeiro efeito se dissipa. A nota baixa (fundo ou base) persiste em combinação com o meio depois que a parte superior desaparece.

As matérias-primas estão relacionadas quanto a sua volatilidade, ou seja, nas notas de saída encontramos matérias-primas mais voláteis como a bergamota. Já nas notas de fundo encontramos matérias primas menos voláteis como, por exemplo, o cedro.

As notas de fundo são as responsáveis pela fixação do perfume e, por isso, são compostas por substâncias mais densas e constantes, que se difundem mais lentamente. Portanto, o fixador não é um elemento extra adicionado na fabricação de perfumes.

A força do perfume depende exclusivamente da concentração de fragrâncias e matérias primas utilizadas na sua concepção. No sentido literal, a palavra perfume aplica-se somente ao extrato, o tipo de mistura que contém a mais alta concentração de fragrância e menor teor de álcool. Este fator é o determinante na nomenclatura dos mais leves ao extrato.

Embora a definição de um perfume possa ser individual, cada pessoa tem seu conceito particular do que é doce, floral, cítrico, amargo, fresco, amadeirado ou verde. Existe, porém, normas internacionais que tem como função analisar os perfumes tecnicamente e classificá-los em famílias olfativas.

De acordo com a combinação de ingredientes, as fragrâncias são classificadas dentro de uma grande família, chamada “Genealogia do Perfume”. Dessa forma a genealogia feminina é composta das seguintes famílias de cheiros:

◦ Floral – A fragrância é composta principalmente de flores, como rosa, jasmim, muguet e violeta. Esta família feminina está subdividida em seis outras famílias: Verde, Fresco, Oriental, Bouquet, Aldeído e Ozone.
◦ Oriental – Quando a fragrância é composta de ingredientes que “esquentam” a sensação olfativa, como as madeiras e especiarias, entre elas sândalo, cedro, cravo, canela, pimenta e cardamono. Subdividida em duas famílias: Ambarado e Especiado.

◦ Chipre – Fragrância composta principalmente de flores combinadas ao musgo intenso e madeiras exóticas, como sândalo e raiz de patchouli. Subdividida nas famílias Floral, Amadeirado, Fresco, Verde e Frutal.

◦ Lavanda – Em qualquer classificação internacional, esta é uma família olfativa particularmente masculina. No Brasil em razão de vários aspectos culturais peculiares, ela se posiciona como uma das preferências nacionais no universo feminino. Subdividida em duas famílias: Fresca e Almiscarada.

◦ Floral Doce ou Floriental - Intensa e encorpada direção olfativa, originada no início do século XX.

◦ Edible ou Gourmand

Famílias Olfativas masculinas

◦ Fougère Royale - Esse grupo foi definido por uma criação pioneira em 1882 pela Casa Houbigant. O legendário Fougère Royale fascinou os nobres cavalheiros parisienses do final do século XIX pelas caçadas organizadas pela realeza francesa em bosques banhados de orvalho. A Casa Houbigant, ousada na época, combinou lavanda (único aroma masculino até então) com notas de musgo, e de madeiras como o patchouli. Subdividido em Fresco, Amadeirado e Ambarado.

◦ Oriental
Especiado e Ambarado.

◦ Chipre
Amadeirado, Couro, Conífero, Fresco e Cítrico.

* Andreia Mirón é coolhunter e coordenadora do curso de pós-graduação “A Cultura do Perfume” da Faculdade Santa Marcelina - FASM

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