Embora se observe melhora no perfil da síndrome metabólica quando pacientes são submetidos à rápida perda de peso, o mesmo parece que não pode ser dito com relação à função do endotélio vascular, contrariando, inclusive, resultados de alguns estudos. Vinculados a parâmetros que mostram realmente que a disfunção endotelial está ligada, em obesos, ao aumento do risco cardiovascular, pesquisadores da divisão de medicina cardiovascular da Universidade de Michigan analisaram um grupo de pacientes com sobrepeso que, durante três meses, foram incluídos em um programa de emagrecimento rápido.

“Nós investigamos se a perda rápida de peso melhora, realmente, a disfunção endotelial do conduto arterial em adultos obesos”, dizem os pesquisadores em artigo publicado no The American Journal of Cardiology de abril de 2004. Quarenta e três pacientes obesos, com índice de massa corporal maior ou igual a 27 kg/m2, foram submetidos a três meses de dieta com restrição calórica e uso de 120 mg de orlistat, administradas três vezes ao dia junto às refeições. As funções endoteliais e os parâmetros da síndrome calórica foram medidos antes e depois do teste.

“Os investigados foram recrutados através de anúncios locais e incluídos na pesquisa se estavam com idade entre 18 e 50 anos, tinham a relação cintura-quadril ³ 0,80 para mulheres e ³ 0,85 para homens e história e exame físico normais”, afirmam os cientistas. Pacientes com PA > 140/90, colesterol total > 240mg/dl, TSH > 5,5mU/L e glicemia de jejum >126 mg/dl não foram aceitos para o estudo sendo que, segundo o texto, “outros critérios de exclusão foram doença cardiovascular, fatores de risco para DCV exceto obesidade, uso de medicamentos para afecções tais como hipertensão arterial, hiperlipidemia, disfunção tireoideana, e uso de contraceptivos e repositores hormonais”. Também foram excluídos os candidatos que apresentavam fatores que interferem com a função endotelial como tabagismo, ingesta de folatos, antioxidantes e óleo de peixe e, no caso de mulheres, as que apresentavam exame positivo para gravidez. Todos os 43 escolhidos foram orientados a manter, durante o período de teste, sua atividade física habitual, e proibidos de iniciar novos programas de exercícios.

Ao final do estudo, os pacientes haviam perdido em torno de 6,6 ± 3,4% do seu peso corporal, sendo que o colesterol de baixa densidade, a glicemia de jejum, a leptina e a proteína C reativa diminuíram significativamente. Entretanto, “não houve modificações com relação à função do conduto vascular, avaliada por dilatação mediada por fluxo (3.86 ± 3.54 vs 3.74 ± 3.78%, P = 0.86) e por nitroglicerina (17.18 ± 5.89 vs 18.87 ± 7.11%, P = 0.13) da artéria braquial”, dizem os autores.
Para eles, contrariando três estudos anteriores nos quais a função endotelial melhorou após similares perdas de peso, esta investigação resultou, em obesos não complicados, na melhora da síndrome metabólica, mas em nenhum ganho para a função endotelial. “A razão para esta discrepância entre nossos resultados e estes previamente divulgados ainda não estão claros, mas, provavelmente, pequenas diferenças nas prescrições dietéticas podem ter influenciado”, dizem.

Agência Notisa (jornalismo científico - scientific journalism