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Geral

Perda auditiva deve ser tratada para não inibir convívio

Por Andréa Abrahão* - 11 de outubro de 2016 - 17:23

É comum associarmos ao envelhecimento a inatividade, problemas de saúde e perda da independência. De fato, à medida que envelhecemos, estamos mais susceptíveis a doenças crônicas comuns da idade - como pressão alta e diabetes -, à perda de mobilidade e de memória. Mas muitas das limitações inerentes ao processo de envelhecimento podem ser amenizadas, como é o caso da perda de audição.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o problema acomete um terço da população acima dos 65 anos e metade dos idosos com mais de 75 anos. No Brasil, de acordo com o IBGE, a população com mais de 60 anos ronda os 25 milhões, o que sugere um potencial enorme para incidência do problema.

Alguns sintomas como zumbidos e sensação de ouvido entupido podem indicar o início de uma perda auditiva. No convívio social, também é possível notar a limitação quando o idoso começa a falar muito alto ou muito baixo, porque não escuta a própria voz, a repetir perguntas por não entender as respostas e a ter dificuldade de se comunicar por telefone.

Quando há perda de audição, também é comum o idoso passar por situações constrangedoras, o que pode inibi-lo, a ponto de ele preferir evitar o convívio social. Ele diminui a frequência da ida à padaria, ao açougue ou ao supermercado, porque para ele o atendente fala muito baixo; fica mais introspectivo quando reunido em eventos sociais, porque as pessoas perdem a paciência com ele.

Ainda em 2014, nos Estados Unidos, um estudo do Instittuto Nacional de Surdez e Outras Desordens da Comunicação (U.S. National Institute on Deafness and Other Communication Disorders, no original) constatou que conforme a audição ia diminuindo aumentava o percentual de adultos com depressão, de 5 % para 11 % se considerados aqueles que tinham perda auditiva. Outra correlação preocupante foi identificada pela Universidade Johns Hopkins, que avaliou 2.017 pessoas de 40 a 69 anos e concluiu que a perda auditiva aumenta o risco de acidentes, como tropeços e quedas. Segundo a universidade americana, pessoas com perda de 25 dB (considerada leve) tinham triplicadas as chances de quedas.

Os idosos podem ter a audição prejudicada por fatores diversos, como a degeneração das células do ouvido ou por confusão mental, caso em que o idoso escuta, mas não entende. Um simples exame de audiometria pode indicar a perda de audição e, a partir dele, ser definido o tratamento. A partir dos 60 anos, esse é um exame de deve ser incluído no check-up anual.

A reabilitação, na maioria das vezes, comtempla o uso do aparelho auditivo. Atualmente, esses aparelhos são bastante confortáveis, mais acessíveis do que no passado, em termos de preço, e muito discretos. Há modelos de aparelhos auditivos altamente tecnológicos, com múltiplas funções e tamanhos bastante reduzidos. Alguns deles são capazes de amenizar 90 % das perdas auditivas, inclusive as mais severas. O mercado também já disponibiliza opções com tecnologia wireless, que captam inclusive o som de celulares.

Há casos de perda de audição, no entanto, em que há necessidade de implante coclear - também chamado de ouvido biônico - ou implantes de ouvido médio, que captam o som convertendo-o em vibrações mecânicas. Apenas o especialista pode indicar o tratamento mais apropriado, mas qualquer que seja a reabilitação o apoio da família irá colaborar enormemente para que o idoso se sinta mais confortável e motivado a encarar a perda auditiva e procurar ajuda médica.

Protelar o problema só agrava a exposição do idoso a doenças secundárias, privando-o de manter uma convivência plena e positiva com os amigos e familiares.

Andréa Abrahão, fonoaudióloga, é diretora da rede de reabilitação auditiva Direito de Ouvir.

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