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Pediatra preso no Líbano diz que sente receio do retorno

Edilson Almeida/24horasnews - 23 de fevereiro de 2008 - 10:41

O pediatra brasileiro Mohamad Kassen Omais, 45 anos, que ficou preso durante sete dias no Líbano,.confessou que sente um certo receio em relação a sua volta para Cuiabá, onde reside. Ele deve desembarcar no Aeroporto Marechal Rondon dia 28. O horário ainda não está definido. "Da noite para o dia fiquei com uma imagem negativa. Tenho medo de como as pessoas vão me ver, como vão se referir a mim" – ele disse. "Por ter origem árabe, já estou marcado como terrorista, e acho que levará um tempo até superar esta imagem negativa que caiu sobre mim" - disse.

Segundo a mulher, durante os dias que seu marido estava preso os dois filhos mais velhos sabiam do que estava acontecendo. "O mais velho sempre foi otimista com a libertação e inocência do pai, mas o outro ficou até doente, sentiu o efeito do episódio", disse Gisele. "Temos medo de como nossos filhos serão tratados no Brasil por causa de toda esta repercussão”.

Omais foi preso no dia 15 de fevereiro quando desembarcava, juntamente com a mulher, no aeroporto de Beirute. O casal foi ao Líbano para buscar os filhos, que estavam em férias com os pais de Omais desde dezembro do ano passado.

O médico havia sido acusado de “adulteração de seu passaporte libanês” e estava sendo investigado por uma possível relação com atividades terroristas."Quando o juiz libanês comunicou que eu estava sendo liberado e que ele acreditava que eu era inocente, eu me senti muito aliviado. Tive vontade de chorar" - disse o brasileiro, sentado em uma sala na casa de seus pais, na cidade de Qaraaoun, no Vale do Bekaa, ao lado dos três filhos e da mulher, Gisele do Couto Oliveira.

"Na prisão, embora não tenha sofrido agressões físicas, eu fui alvo de muita pressão emocional e psicológica – ele relatou. Omais contou que os oficiais o interrogavam em árabe, dificultando as respostas dadas por ele, uma vez que não domina totalmente o idioma. "Por um momento eu achei que iria sucumbir, mas lembrava da minha família e logo ficava mais forte."

O caso de Omais envolveu até o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, que conversou na quinta-feira, durante encontro em Buenos Aires, com o ministro de Justiça do Líbano, Charles Rizk, pedindo sua intervenção no caso. "Agora tudo o que quero é voltar ao Brasil e esquecer tudo isto, continuar minha vida pessoal e profissional", disse Omais.

O médico disse que foi informado pelas autoridades de que seu passaporte teria sido adulterado."Eu confirmei que o passaporte era meu e que reconhecia a pessoa na foto. Era um parente meu, o meu primo”.

Fontes das forças de segurança já haviam dito à BBC Brasil que o primo do médico trata-se do também brasileiro Zuheir Omais, que estaria sendo procurado pelas autoridades libanesas e residiria atualmente no Brasil. O primo teria usado o passaporte do médico para viagens à Síria que, segundo policiais libaneses, estariam relacionadas com atividades terroristas. "Eu usei meu passaporte libanês por duas vezes apenas, quando eu morei aqui no Líbano por um curto período e viajei à Síria" - disse Omais.

O brasileiro não soube explicar como seu passaporte, que foi deixado com os pais quando voltou a morar no Brasil, foi parar nas mãos do primo Zuheir Omais. "Essa é uma pergunta que simplesmente não tenho uma resposta para dar, não sei como foi acontecer" - disse.

Com Tariq Saleh, da BBC Brasil

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