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Parlamentares pedem que governo não cancele visto
Os integrantes das Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) da Câmara e do Senado decidiram nesta quarta-feira (12) solicitar ao governo para não cancelar o visto do correspondente do jornal New York Times Larry Rohter, autor de reportagem segundo a qual a sociedade brasileira estaria preocupada com possíveis excessos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no consumo de bebidas alcoólicas.
Em texto sugerido por diversos deputados e senadores, a ser apreciado pelos Plenários das duas Casas do Congresso, as comissões sugerem ainda ao Poder Executivo que exija do jornal norte-americano a correção da reportagem distorcida, além de apresentar solidariedade a Lula diante da matéria classificada como ofensiva ao presidente da República e ao povo brasileiro, por não refletir a verdade dos fatos.
Durante a reunião das duas comissões, o cancelamento do visto havia sido definido pelo senador Cristovam Buarque (PT-DF) como um pequeno passo autoritário.
- Sou do partido do governo, mas considero que, se tudo foi armado por forças que não sabemos, essas forças devem estar comemorando a expulsão do jornalista. Demos uma dimensão absurda a esse episódio e cometemos um grave equívoco, seja ou não censura - disse Cristovam, durante a reunião conjunta das duas comissões, com a presença dos ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e da Defesa, José Viegas Filho.
Pouco antes, Amorim havia afirmado que o cancelamento do visto do jornalista era uma decisão de governo, uma vez que a concessão do visto não significava um direito, mas sim uma expectativa de direito. Ele disse ainda, em resposta a questionamento feito anteriormente pelo deputado Fernando Gabeira (sem partido-RJ), que a questão não deveria ser vista pelo ângulo da liberdade de imprensa e que o New York Times não havia se retratado por uma reportagem que qualificou como ofensa à dignidade do presidente da República.
Primeiro a falar na reunião, Gabeira expressou seu protesto pelo cancelamento do visto e disse que nunca havia visto uma reação tão estranha de um governo à publicação de uma reportagem. Não em meu nome se vai expulsar um correspondente estrangeiro no Brasil, afirmou Gabeira. Este não é o meu Brasil, observou.