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Geral

Parada Gay reúne mais de 2 milhões

Marli Moreira/ABr - 30 de maio de 2005 - 07:44

A Nona Parada do Orgulho Gay, realizada nesse domingo (29) em São Paulo, superou as expectativas dos organizadores, reunindo cerca de 2,5 milhões de pessoas, segundo a associação promotora do evento. A Polícia Militar estimou o público presente em 1,9 milhão.

O ato consolidou-se, pelo segundo ano consecutivo, como o maior do gênero no mundo, ficando acima de duas outras grandes manifestações como a de São Francisco, nos Estados Unidos, e a de Toronto, no Canadá. A passeata teve a presença do ator Sérgio Mamberti, que representou o ministro da Cultura, Gilberto Gil, e do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), entre outros.

O encontro começou com uma concentração, às 11 horas, em frente ao prédio da TV Gazeta, na Avenida Paulista, e se estendeu até à noite. Enquanto os organizadores concediam entrevista coletiva no Hotel Crowne Plaza, o prefeito de São Paulo, José Serra, dava as boas-vindas aos manifestantes do palco instalado diante da TV Gazeta. Às 14h25, foi dado o grito de largada para a Parada, numa explosão de sons em toda a região da Paulista. O trânsito foi desviado, mas as opções foram insuficientes para o fluxo de ônibus e carros que se dirigiam ao centro da cidade, já que havia bloqueios na maioria das vias transversais. Nesses pontos, um grande número de camelôs aproveitou para vender bebidas, como refrigerantes, vinhos e cerveja, e lanches. O espaço foi disputado por carrinhos de pipoca, milho cozido e até por comerciantes de livros usados.

Crianças, jovens e idosos, alguns moradores de regiões próximas, tomaram as calçadas ao longo dos cerca de 3,5 quilômetros desde a avenida Paulista até a Praça da República, onde o primeiro dos 23 trios elétricos só chegou por volta das 20h30. O colorido das fantasias, de balões e os sons em alto volume davam um clima de festa, embora a principal bandeira de luta envolvesse uma polêmica questão: a retomada do projeto de lei que prevê a legalização de uniões de homossexuais.

Segundo o presidente da Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros (GLBT), Reinaldo Damião, a primeira versão surgiu por iniciativa da ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP), na época em que atuou como deputada federal. Depois de receber alterações, o projeto ficou parado e atualmente está nas mãos do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Para que a matéria entre em votação, os homossexuais pretendem colher 1,2 milhão de assinaturas até novembro próximo em um abaixo- assinado a ser encaminhado ao Congresso Nacional.

Para a travesti, Phedra de Córdoba, uma cubana de 66 anos que mora no Brasil, a grande manifestação pode ajudar no encaminhamento dessa questão. No mesmo trio elétrico que ocupava, o jornalista norte-americano Michael T. Luongo, residente em Nova Iorque, disse que nunca tinha visto um encontro com tanta gente. Além de apoiar a luta dos gays brasileiros e prestigiar a marcha, ele informou que busca dados, em sua visita ao Brasil, para compor um livro sobre o assunto. Para isso, programou viagens a quatro cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Salvador.

Entre os milhares de anônimos que ocupavam as calçadas, já na Avenida Ipiranga, estava um jovem casal, com o filho de sete anos e o sobrinho de seis. Jerusa Cordeiro de Faria, de 24 anos, que mora em Diadema, disse, após um passeio pelo Parque Ibirapuera, que ela e o marido decidiram ir ao centro da cidade para assistir à manifestação por curiosidade. Luiz Fernando, de 25 anos, afirmou que é favorável ao pleito da união homossexual, mas argumentou que não são apenas os gays que sofrem discriminações. Lembrou a questão racial, mas disse ser contra o sistema de cotas para negros no ensino.

Como havia muita gente, pequenas confusões foram registradas em vários pontos como, por exemplo, na rua Pamplona, onde um rapaz de identidade ignorada permaneceu muito tempo estendido no chão, aparentemente sob efeito de álcool. Os dados sobre as ocorrências oficiais só deverão ser divulgados nesta segunda-feira (30).

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