O Banco Central registrou, no mês passado, o melhor saldo de transações correntes com o exterior em um mês de janeiro, desde o início da série histórica, em 1947, conforme informou hoje o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.

Ao divulgar o relatório do mês passado sobre o setor externo, Altamir Lopes disse que o superávit de US$ 818 milhões nas contas externas contribuiu para elevar o saldo acumulado em 12 meses para US$ 11,807 bilhões, o equivalente a 1,95% do Produto Interno Bruto (PIB), "muito em função dos bons saldos obtidos na balança comercial".

Somando o saldo em transações correntes com o superávit de US$ 1,187 bilhão da conta financeira, o balanço de pagamentos, que inclui todas as entradas e saídas, foi positivo em US$ 2,025 bilhões. O destaque, segundo Altamir Lopes, é o saldo de US$ 2,183 bilhões obtido entre exportações e importações.

De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, a perspectiva também é muito boa para este mês, apesar de fevereiro ter menos dias úteis. Altamir Lopes disse que a expectativa é de saldo de transações correntes em torno de US$ 500 milhões, uma vez que o comportamento de vendas e compras externas continua forte.

Ele ressaltou também a sinalização positiva da entrada líquida de investimentos estrangeiros diretos, em janeiro, no valor de US$ 1,218 bilhão, contra US$ 993 milhões no mesmo mês do ano passado. Lopes informou que a expectativa para este mês é de US$ 800 milhões, que considera "bastante alta para um mês de fevereiro".

As contas do Departamento Econômico do BC registraram grande aumento dos gastos líquidos com serviços (282%) e com aluguel de equipamentos no exterior (78,5%), em comparação com janeiro do ano passado. Altamir Lopes disse que tais expansões se explicam, em grande parte, pelo crescimento do comércio internacional e conseqüente necessidade de mais frete e melhor infra-estrutura de apoio.

Os gastos líquidos com serviços somaram US$ 272 milhões em janeiro, e as despesas com aluguel de equipamentos foram de US$ 256 milhões. Em seguida, vieram também as despesas de US$ 219 milhões (35,3% a mais) com computação e informações, e de US$ 109 milhões (mais 23,2%) com royalties e licenças. Os gastos com transportes, no valor de US$ 114 milhões, foram 13,5% mais baixos em comparação com janeiro de 2004, enquanto as viagens internacionais geraram entradas líquidas de US$ 44 milhões.

O relatório do BC mostra, ainda, que as remessas líquidas de renda para o exterior atingiram US$ 1,365 bilhão, com crescimento de 26,9% em relação a janeiro de 2004, e as saídas de renda de investimento em carteira somaram US$ 887 milhões, dos quais US$ 100 milhões em remessas de lucros e dividendos e US$ 787 milhões relativos a juros de títulos de renda fixa.