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Pais ocupados demais e escolas despreparadas formam crianças que não gostam de ler

Agência Notisa - 14 de julho de 2011 - 17:52

Agência Notisa – A primeira infância, fase que vai até os sete anos, é a mais adequada para o desenvolvimento de hábitos para serem levados por toda a vida. O hábito da leitura, por exemplo, que pode contribuir intimamente para o desenvolvimento social e escolar das crianças, deve ser inserido no universo infantil, segundo educadores, logo nesta etapa.

No estudo, “Desenvolvimento do gosto pela leitura na primeira infância: projetos escolares”, Roberta Dannemann Vargas explica que alguns aspectos são essenciais para o desenvolvimento deste hábito, como o tipo de material usado em cada fase do desenvolvimento das crianças.

“Nessa primeira fase da vida os métodos devem ser preferencialmente lúdicos e necessitam da participação dos adultos, preferencialmente os pais. Se tratando de crianças, a leitura tem que ser praticamente uma brincadeira, nunca pode parecer uma obrigação, muito menos ser um sacrifico”, explica.

Mas com a correria do dia-a-dia, a autora ressalta que as que as famílias participam cada vez menos desse processo, deixando toda a responsabilidade com os professores e instituições de ensino, que por sua vez, falham. “A culpa comumente atribuída aos alunos é na verdade de seus responsáveis. A não preparação dos professores juntamente com a falta de acompanhamento dos pais gera com frequência o comentário: O problema aqui é que os alunos, principalmente depois dos nove, dez anos, não querem mais saber de ler”, diz no artigo.

Diante dessa problemática, a autora comparou no seu estudo, que foi apresentado ao departamento de Ciência da Informação e Documentação da Universidade de Brasília, em 2009, programas de leituras em duas escolas, uma particular e uma pública.

Roberta elogia essas iniciativas, mas também faz uma crítica referente à iniciativa dos projetos: “Nos dois casos estudados, a idealização dos projetos desenvolvidos está centrada no empenho de uma pessoa. A ideia não partiu de uma proposta feita pelas instituições de ensino, mas sim por um de seus funcionários”, diz.

A partir disso, a pesquisadora pergunta se haveria projetos de leituras nessas escolas se esses funcionários não se propusessem, e se os projetos continuarão quando estes não trabalharem mais nas instituições.

“Para o primeiro questionamento, é possível que a resposta seja não. As escolas continuariam com o antigo processo em que as crianças levam um livro para a casa, fazem a leitura no final de semana e talvez alguma tarefa, mas a questão lúdica e o universo mágico não estariam presentes”, acredita.

Sobre a segunda pergunta, a autora explica que o projeto pode ser levado adiante por outro professor, mas dificilmente da mesma forma. Segundo ela, o funcionário que irá prosseguir poderá ler tudo que foi documentado a respeito do projeto e dar continuidade com os mesmos objetivos, mas o empenho e a dedicação dependem de cada um. “Transferir o dever acerca do projeto é possível, mas o sentimento não”, ressalta Roberta na publicação.

A pesquisadora acredita que tanto professores e instituições, quanto os pais, que apenas aplicam um método de leitura de forma rigorosa – sem paixão, dedicação e entusiasmo –, podem acabar provocando o desinteresse das crianças. “O mundo literário infantil é vasto e apesar de alguns materiais caros ou de má qualidade, é possível se encontrar obras mais em conta e qualificadas para tornar as crianças curiosas e mais atraídas pela leitura”, considera.

Para ver o estudo na íntegra, acesse: http://bdm.bce.unb.br/handle/10483/1279.

Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

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