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Padre reclama de conversas durante a missa e publica artigo de frei

Redação - 14 de agosto de 2015 - 15:04

Padre reclama de conversas durante a missa e publica artigo de frei

O padre Antonio Maurilio escreveu em seu Facebook:

"Quero e peço a todos os Católicos que leiam esta reflexão e se possível façam um estudo nos círculos bíblicos, equipes de liturgia, movimento e nas pastorais da Igreja. Ultimamente percebemos muitas conversas paralelas de alguns fiéis nas celebrações e a maioria nem desligam os celulares. Vamos fazer mais silêncio no interior das igrejas e locais que nos reunimos para o estudo da Palavra de Deus! Vivemos em mundo conturbado pelo barulho e silêncio na liturgia nos ajudará a rezar mais e celebrar o mistério de Deus em nossa vida! . Façam uma avaliação e teçam comentários construtivos e dê sugestões, no final do texto estão as perguntas para os debates.

Um abraço fraterno a todos - (Pe.Maurílio)"

O ARTIGO

O SILÊNCIO - COMUNHÃO E PARTICIPAÇÃO ( Frei Faustino Paludo OFM cap.)


Um desafio para as equipes de liturgia, é o “cultivo da experiência do silêncio”. Após 40 anos de renovação litúrgica, chega-se à conclusão de que não se pode ‘descuidar do silêncio na ação litúrgica” (João Paulo II, Carta apostólica no 40o aniversário da SC - n . 13).
As comunidades, à medida que foram despertando para a “ação litúrgica como memorial da páscoa de Cristo e dos cristãos”, passaram de uma liturgia silenciosa, parada e até triste para uma ação celebrativa alegre, festiva, simbólica e intensamente participada em cantos, expressões corporais e aclamações vibrantes. O referencial passou a ser a linguagem própria da televisão e dos shows com forte apelo ao emocional e à participação externa. Por sua vez, a ação litúrgica pouco ou em nada se diferencia do tumulto e da agitação stressante do dia-a-dia de trabalho, da rua, da escola, do ambiente familiar e social.
O silêncio faz parte do universo simbólico e poético da comunicação humana. Para os antigos filósofos gregos, “o silêncio é sinal de sabedoria”. Por isso, cultivar o silêncio é uma arte tanto quanto o bem falar. O silêncio é parte da linguagem do mistério e do amor. Os amantes se comunicam pelo coração mais do que pela razão. É no silêncio que germinam os sentimentos que se transformam em palavras, gestos, atitudes e experiências vitais de amor, alegria, paz, justiça, gratidão, fortaleza, liberdade, como também medo, tristeza e angústia. O silêncio, bem entendido, imprime profundidade e solidez às pessoas.
Palavra e silêncio são dois elementos que se complementam na ação litúrgica. O silêncio está a serviço da comunhão e da participação. “O diálogo entre Deus e os homens, que se realiza com a ajuda do Espírito Santo, requer breves momentos de silêncio” (OLM n. 28) pelos quais, sob a ação do Espírito Santo, se acolhe no coração a Palavra de Deus e se prepara a resposta pela oração”(IGMR 58). Portanto, o silêncio favorece e cria clima de escuta; desperta a atitude de respeito por quem fala (quem fala quer ser ouvido); revela e insere no mistério celebrado - gera comunhão; interioriza a palavra proclamada; elabora, prepara a resposta orante em ação de graças, louvor, súplica, pedido de perdão, profissão de fé ...; intensifica a expressão – gestos e atitudes; imprime dignidade e harmonia à ação ritual; realça as partes e os elementos da ação celebrativa; intensifica e qualifica a participação interior e exterior; potencializa os ministros e servidores para a ação que lhes cabe; suscita o compromisso de fé pela inter-relação: vida – palavra – mistério celebrado. A assembléia mergulhada nos breves espaços de silêncio, previstos no ritual da celebração, experimenta a ação vigorosa e suave do Espírito, abre a mente, eleva o coração em oração e vivencia a liturgia como dom que vem do Senhor.
Na celebração litúrgica há o silêncio de: recolhimento (para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios (IGMR 45), escuta da palavra (antes de se iniciar a própria liturgia da palavra, após a primeira e a segunda leitura, como também após o término da homilia (IGMR 56); meditação (Se for oportuno, pode-se, então, observar um breve espaço de silêncio, para que todos meditem o que ouviram” (IGMR 128); adoração e comunhão (“Terminada a distribuição da Comunhão, o sacerdote e os fiéis oram por algum tempo em silêncio” (IGMR 88). Há ainda o silêncio que faz parte do desenvolvimento do ritual, ora envolvendo a assembléia (A oração eucarística exige que todos a ouçam respeitosamente e em silêncio - IGMR 78), ora só o ministro (dizendo em silêncio) e ora a assembléia e o ministro (todos junto com ele, oram um momento em silêncio (IGMR 127). Os momentos de silêncio, de modo geral, devem ser breves.
O silêncio ativo a serviço da participação ativa, interna e externa, plena e frutuosa do mistério celebrado, requer: cuidar do conjunto do ambiente, procurando-se evitar os ruídos; atender as orientações próprias dos tempos litúrgicos; considerar a assembléia na sua diversidade; zelar pelo modo como se iniciam e se concluem as celebrações; desenvolver a ação litúrgica observando-se o ritmo, a harmonia e a dignidade agindo com calma e serenidade; levar em conta a índole própria de cada forma celebrativa; educar-se para o silêncio, no sentido de saber apaziguar-se, ouvir, meditar e comunicar-se com os outros. O silêncio orante, celebrante e participativo é fruto do exercício, da abertura e acolhida do mistério de Deus, do amadurecimento na fé e na dimensão humana da vida. O silêncio é uma atitude de espírito do que inspira o modo de agir.
Perguntas para a reflexão pessoal ou em grupos:
- Como você reage numa celebração confusa, barulhenta e com muitos comentários?
- Que valores e aspectos você destaca do silêncio numa celebração litúrgica?
- Na perspectiva do cultivo do silêncio na celebração, que a equipe de liturgia deveria fazer para criar um clima favorável à oração e à participação?

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