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Padre conta sua experiência de dois anos em Cassilândia

Experiência missionária na Diocese de Três Lagoas - MS.

Padre Antonio Maurílio - 07 de janeiro de 2015 - 20:07

Sou o padre Antônio Maurílio de Freitas, nasci no dia 12 de abril de 1970, em Itajutiba, município de Inhapim, MG. Entrei para a comunidade vocacional em Divino tendo como orientado o Pe.José de Souza Lucas em 1995 onde cursei o magistério profissionalizante por 3 anos. Entrei para o Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário em Caratinga em 2002. Minha Ordenação sacerdotal aconteceu no dia 29/09/2002, em Imbé de Minas, por Dom Hélio Gonçalves Heleno. Meus pais já falecidos são: José de Freitas Sobrinho e de Dagmar Mendes de Freitas, uma irmandade de 11 irmãos, um já está na casa do pai, Luiz Carlos de Freitas.


Minha vocação missionária foi descoberta nos cursos de base do MOBOM em Dom Cavate, através dos grupos de reflexão, plenários, cursos da Semana Santa e Natal. No período de formação Filosófica e Teológica sempre ajudei nas paróquias no período de férias as missões populares. Sempre apostei na dimensão missionária, Jesus Cristo foi o missionário por excelência do Pai.
Trabalhei nas paróquias de Nossa Senhora da Conceição em Vermelho Novo e de São Francisco de Assis por duas vezes em Vermelho Velho, experiência riquíssima. A meu pedido, o saudoso Dom Hélio Gonçalves Heleno me transferiu para a paróquia São Sebastião em Tarumirim. Nesta paróquia Dom Emanuel Messias de Oliveira me convidou para ajudar na diocese de Três Lagoas - "Nossa diocese precisa começar ajudar nas missões além fronteira, se você aceitar será o primeiro", concluiu o bispo. Fiquei muito feliz! Meu sonho se tornaria realidade.
Na diocese de Caratinga Dom Emanuel me confiou a coordenação missionária. Fiz vários cursos de formação em Brasília e em outras dioceses, tempo riquíssimo e quanto aprendi.


Foi um ano meio de preparação para deixar a diocese de Caratinga, MG, o para assumir nova missão. Não escondemos nada do povo Deus. O povo de Deus da Paróquia em Tarumirim me ajudou muito em todos os sentidos a fazer esta passagem. Tudo acertado em os bispos Dom Moreira e Dom Emanuel, marcamos a missa de envio em uma manhã de domingo em Tarumirim. Muita gente, a paróquia em peso e representações de muitas paróquias da diocese de Caratinga e das diocese de Governador Valadares, Itabira e Coronel Fabriciano, Mariana, Vitória e outras dioceses. Fizemos a caminhada da matriz para a quadra poliesportiva da Escola Estadual "Maria Teixeira", missa linda presidida por Dom Emanuel e concelebrada por 23 padres. Muitos de meus familiares estiveram presentes, irmãos(ãs), sobrinhos, tios e primos(as). Após a missa Dom Emanuel procedeu a cerimônia de envio, a seguir agradeci a ele pela confiança depositada, estarei a serviço da Igreja em Mato Grosso do Sul, diocese de Três Lagoas, Paróquia São José na linda cidade de Cassilândia, a cidade sorriso.


Aqui estou a dois anos atuando como Pároco e Vigário Forâneo da Forania de Paranaíba, encontrei muitos problemas e desafios. Uma equipe de 15 pessoas juntamente com o Pe.João Altino foram me receber na entrada da cidade. No decorrer dos anos Pe.João construiu uma nova casa paroquial, novinha, fui o primeiro a residir nela. O povo bom e solidário de Cassilândia fizeram um chá de casa nova e mobilhou de tal modo que ela é super confortável. Pe.João Altino ficou comigo oito dias me passando a paróquia e mudou-se para Goiânia. Entendo a situação dele, é muito difícil sair de uma paróquia, não despediu de ninguém. Mas foi um grande profeta. A ele nosso respeito e admiração, cada um com seu jeito contribuiu com o anúncio do Evangelho.


Dia 13 de janeiro de 2013 o saudoso Dom José Moreira Bastos Neto, bispo diocesano, veio de Três Lagoas para me empossar como Pároco. Celebração linda! Animada pela equipe de cânticos e de liturgia da minha eis paróquia em Tarumirim, vieram 15 pessoas para minha posse. Em sua homilia Dom Moreira ressaltou a alegria em nos receber e agradeceu por ter aceito trabalhar na diocese. Também em meu discurso agradeci a ele pela acolhida e prometi a todos a dar tudo de mim mesmo para anunciar o Evangelho nas terras vermelhas Sul-Mato-Grossense. Dom Moreira veio a falecer, eu acompanhei o translado do corpo para Caratinga, momento muito difícil, viagem interminável. Ele foi meu professor durante toda a formação, foi meu reitor e autorizou minha ordenação, éramos amigos. Perdi um grande bispo, pastor e amigo.
O povo estava sedento pelo novo. No inicio foram muitas reuniões para organizar equipes de liturgia, catequese. Tivemos um mês e meio para preparar a festa e a quermesse de São José. O povo chegou junto, foi uma maravilha, ficou na história. Começamos as reformas nas capelas, no centro de pastoral. Conforme o documento do bispo ou provisão cita que o Pároco deve promover as pastorais, a devoção popular, festas dos padroeiros, procissões, assim temos feito.


A missa da quarta-feira passou a ter as benções entre elas do Santíssimo Sacramento. Temos um programa diário na Radio Patriarca AM, transmitimos a missa dominical da manhã, a noite transmitimos pela Central FM 98,3.
Formamos 34 novos ministros extraordinários da comunhão. A paróquia tem várias equipes de música, 19 catequistas. Ultimamente formamos a Pastoral da Acolhida com 24 pessoas. Avaliação muito sincera é da própria comunidade. O padre não faz nada sozinho, juntos seremos fortes, isto é ser comunidade.
Cassilândia tem um povo muito religioso em todos os sentidos e de muita fé. É uma paróquia viva e atenta às propostas da nova evangelização conforme o Documento 100 da CNBB - Comunidade de comunidades: uma nova paróquia, que assim continue com o meus sucessor no próximo ano se Deus quiser!
Tenho vivido minha vocação missionária com muita alegria. Em Minas Gerais, na diocese de Caratinga, exceto em Vermelho Velho, tínhamos cozinheira. Aqui eu mesmo faço minha comida, lavo a louça, limpo a casa se for preciso e lavo algumas peças de roupa. Todos os dias pós as orações em minha capela particular vou para a paróquia atendimento no escritório, visitamos os enfermos, presidimos as exéquias quando solicitado pelos familiares. Na região não tem o costume de passar com corpos nas igrejas e nem celebrar missas de corpo presente. As celebrações são feitas nas casas ou nas funerárias, mas da missa de sétimo dia não abrem mão, as igrejas lotam. Quando tiro meu lazer faço uma boa pescaria e pegamos peixe com fartura, aqui é região de grandes rios.


Estamos aprendendo muito com a cultura e os costumes deste povo. Vivemos em meio a uma mistura de Sul-Mato-Grossense, Paulistas, Goianos e Mineiros, sotaques diversos, uma verdadeira riqueza, o centro oeste tem tudo isto e muito mais.


Descobrimos que a maioria das pessoas tem o costume de batizar as crianças em casa chama-se "desconcerta", muitos procuram a Igreja para batizar novamente, batizamos sob condição, também existe o batismo na fogueira por ocasião da festa de São João Batista, claro, a Igreja Católica não aceita isto como Sacramento mas respeita o devocionismo popular e procura conscientizar sobre as coisas corretas. Achamos por bem várias vezes nas celebrações e nos programas de rádio pedir aos Católicos para não batizarem seus filhos em casa, o problema maior é que não registram as crianças, isto é, não tem batistério, problemas para o futuro.
Também a maioria dos casais não tem o Sacramento do Matrimônio, vivem amasiados, comungam normalmente (que não pode, a doutrina é pesada), proibir jamais, o desafio missionário consiste aos poucos formando as pessoas para que elas tomem consciência do que é certo ou errado. Nas ocasiões próprias com muito jeito vamos informando e formando, muitas pessoas nos procuram e damos as devidas orientações, o missionário precisa ser pastor, pai, amigo e cumprir o dever de reger, santificar e ensinar, isto no caso dos padres.


Diz o número 91 doc. 100 da CNBB sobre a missão: "Como Jesus é o enviado do Pai para cumprir a sua vontade (cf.Hb 3,1), os cristãos receberam o envio de Jesus: "Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações" (Mt 28, 19. Trata-se da missão de anunciar a Boa-Nova da Salvação a toda a criatura (cf. Mc 16, 15 até os confins da terra (cf. At 1, 8)". Assim temos feito graças à vontade de Deus que aqui está no meio do seu povo. O Missionário não Deus leva às pessoas mas é um grande instrumento Dele. Deus está em toda a parte.

Cito também o número 92: "Em razão disso, a comunidade cristã anuncia Jesus Cristo e acolhe novos membros que, pelo Batismo, se tornam discípulos do Senhor, para testemunharem com palavras e gestos o Evangelho do Reino de Deus. Essa missão impulsiona as comunidades a expandirem a mensagem de Cristo além de fronteiras geográficas. Fizeram como Jesus fazia: "Vamos a outros lugares, nas aldeias da redondeza, a fim de que, lá também eu proclame a Boa-Nova. Pois foi para isto que eu saí" (cf. Mc 1,38). Por essa razão, as viagens missionárias de Paulo constituíram comunidades cristãs em diferentes regiões do mundo antigo".
Todo seminarista antes de si ordenar padre precisa de uma experiência missionária. Isto procurei fazer com muito gosto nos bons tempos de formação. O Pe.Luiz Moscone em uma de suas obras literárias afirma que a "Vida é uma Missão".


Vamos contribuir mais com as missões e os missionários rezando todos os dias pelos missionários(as), pelas missões populares, paroquiais, diocesanas, além fronteira, missão continental, pois a vida é uma Missão!


Pe.Antônio Maurílio de Freitas.
Cassilândia, 06/01/2015
Festa de Santos Reis.

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