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Obama toma posse com promessa de diplomacia ativa na AL

Mylena Fiori, ABr - 20 de janeiro de 2009 - 06:43

Brasília - Caso cumpra suas promessas de campanha, o novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que toma posse hoje (20), adotará uma “diplomacia ativa” na América Latina desde seu primeiro dia de mandato. “George Bush nas Américas foi negligente com nossos amigos, ineficaz com os adversários, desinteressado dos problemas que importam aos latino-americanos e incapaz de avançar nos interesses da região”, dizia Obama em seu site de campanha.


Ao menos no discurso, o novo governo norte-americano promete outra postura em relação ao continente. A proposta é de uma diplomacia ativa, mas voltada à cooperação.

“Hillary Clinton tem usado uma expressão interessante. Diz que os Estados Unidos, em vez de apresentarem receitas prontas para serem implementadas na região, querem uma cooperação que seja a partir de um diálogo em que sejam identificadas as aspirações dos povos latino-americanos”, resume o embaixador do Brasil em Washington, Antonio Patriota. “Eles tomaram cuidado em reconhecer que existe uma base sólida para que as relações sejam ampliadas e aprofundadas”, ressalta.

Antecessor de Patriota em Washington, o embaixador Roberto Abdenur também aposta em um novo patamar de relações com a América Latina e o resto do mundo. “Em seus discursos de campanha, Obama deu claramente a mensagem de que procederia uma radical correção de rumos na política externa em geral”, avalia.

No caso da América Latina, Abdenur ressalta a perda de influência dos Estados Unidos na região até mesmo antes do governo de George W. Bush. Primeiro, porque os interesses prioritários se concentraram em outras partes do mundo, sobretudo no Oriente Médio. Segundo, devido a “efervescências políticas” que não podem ser controladas ou influenciadas pelos Estados Unidos. Como exemplo, ele cita a Venezuela, a Bolívia, o Equador, a Nicarágua e o Paraguai. “Os Estados Unidos, hoje, não têm mais, a meu ver, condições de exercer a liderança na América Latina”, acredita Abdenur.

Na sua avaliação, foi inadequado o título do principal pronunciamento de Barack Obama sobre a América Latina: Renovando a liderança norte-americana nas Américas. “Com todo o respeito e com os bons votos que dedico ao Obama, acho que esta não é a colocação mais feliz porque o que é preciso, da parte dos Estados Unidos, é um olhar diferente para a América Latina, muito mais matizado, com muito comedimento, com o esforço de buscar o diálogo mesmo com regimes hostis, e procurar buscar linhas de cooperação com a região que atendam a problemas profundos sem interferir indevidamente nos processos políticos”, avalia. “Terão de buscar uma nova receita, uma nova postura em relação à região”, reitera.

Em seu site de campanha, Barack Obama reconhece que a região mudou e diz que os Estados Unidos não acompanharam tal mudança. “Em vez de oferecer uma visão que compita com a de demagogos como Hugo Chávez, cruzamos os braços”, diz a página oficial do novo presidente.

Pelo programa de governo apresentado durante a campanha, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos proporá uma aliança regional, já batizada de Sociedade Energética das Américas, para o planejamento de estratégias conjuntas visando ao crescimento sustentável e à energia limpa. Nesse sentido, promete aumentar os investimentos em recursos energéticos alternativos na América Latina, como as energias aeólica e solar e os biocombustíveis.

Obama também pretende lançar uma iniciativa conjunta na área de segurança. A idéia é fomentar a cooperação regional no combate ao narcotráfico. Para isso promete, inclusive, apoiar o desenvolvimento de instituições policiais e judiciais independentes e “capazes”.

O novo presidente da maior economia do planeta se propõe a manter relações diplomáticas com todos os líderes da região, “tanto amigos quanto inimigos” e já demonstrou que pretende flexibilizar o bloqueio econômico imposto a Cuba há 50 anos. Ele garantiu que autorizará remessas e viagens irrestritas de cubanos que moram nos Estados Unidos à ilha e relaxará a ajuda exterior ao país, mas impôs condições como a liberação de todos os presos políticos. Obama garantiu ainda que adotará uma diplomacia bilateral “energética e de princípios”.


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