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O resumo do que disse Pizzolato na CPMI

Agência Câmara - 19 de agosto de 2005 - 08:11

Em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil (BB) Henrique Pizzolato caiu em contradição ao afirmar que não precisou informar à Secretaria de Comunicação do governo, ligada à Presidência da República, um aditivo de contrato de publicidade do BB com a DNA no valor de R$ 58 milhões, assinado em 2003. À época, a secretaria era comandada por Luiz Gushiken, hoje chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos do Governo Lula. Pizzolato dissera à Polícia Federal que patrocínios acima de R$ 50 mil deveriam ser comunicados ao órgão.
Ele confirmou que Luiz Gushiken, de quem era conhecido desde os tempos de militância no movimento sindical dos bancários, se reunia com os presidentes de fundos de pensão de órgãos públicos. Pizzolato, no entanto, disse que não participava desses encontros. Para os parlamentares da CPMI, ficou clara a ingerência de Gushiken nos milionários fundos de pensão, e eles estão tentando convocar o ex-chefe da Secom para depor na CPMI.

Visanet
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) questionou Pizzolato sobre o depósito de R$ 35 milhões em único dia, pela Visanet (bandeira do crédito do BB), na conta da DNA Propaganda. Essa empresa tem como sócio o suposto operador do "mensalão", Marcos Valério de Souza. Pizzolato respondeu que o Banco do Brasil tem conselheiros na Visanet, mas que nunca foi informado sobre o assunto. Da área de marketing, ele apenas passava o resumo das campanhas promocionais.
Ao explicar a compra de ingressos de um show da dupla Zezé de Camargo e Luciano pelo Banco do Brasil, Pizzolato disse que a compra não foi feita pelo banco, e sim pela Visa, como promoção para incentivar a adesão a seus cartões. Ele disse não saber que o espetáculo se destinava à arrecadação de dinheiro para a construção de sede do PT. O ex-diretor lembrou que, em dezembro do ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) o isentou de culpa no episódio.
Pizzolato negou ainda que a empresa Multiaction, de Marcos Valério, tenha intermediado patrocínios do Banco do Brasil.

Previ
Sobre os investimentos do Fundo de Previdência dos funcionários do BB, a Previ, Pizzolato afirmou que, apesar de ter sido presidente do Conselho Deliberativo da entidade, desconhecia investimentos do fundo de pensão no Banco Rural. Pizzolato afastou-se da Previ depois da denúncia de que teria mandado um contínuo sacar R$ 327 mil de uma conta da DNA Propaganda no Banco Rural, em janeiro de 2004. Ele explicou que, como presidente do conselho, só interferia em aplicações superiores a R$ 3,5 bilhões, limite que corresponde a 5% do total de recursos do fundo (R$ 70 bilhões). "Abaixo disso, não tomava conhecimento", afirmou.

Banco Rural
O ex-diretor também disse que não sabia que os dois envelopes que o contínuo do BB foi buscar no Banco Rural, a pedido do empresário e suposto operador do "mensalão" Marcos Valério de Souza, continham dinheiro. Ele disse que fez apenas um favor ao empresário, cuja agência, a DNA Propaganda, prestava serviços ao Banco do Brasil. Além disso, segundo o depoente, a forma e o peso dos envelopes não indicavam que continham dinheiro.
Os deputados Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), e a senadora Heloísa Helena (Psol-AL) não se convenceram das explicações sobre o destino dos R$ 327 mil que o ex-diretor do Banco do Brasil teria mandado sacar de uma conta no Banco Rural. Pizzolato afirmou que o dinheiro foi repassado a um "dirigente do PT", que não quis identificar.
Heloísa Helena acusou o ex-diretor do Banco do Brasil de ser "moleque de recados" do PT. Pizzolato respondeu que apenas fez uma "gentileza" à DNA, empresa que trabalha há 11 anos com o banco.
O deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) afirmou que Pizzolato está mentindo e pediu parecer da área jurídica da CPMI para tomar providências contra o ex-diretor do Banco do Brasil. Lorenzoni também questionou o aumento "absurdo" da publicidade do Banco do Brasil em ano eleitoral. Os gastos na área subiram de R$ 153 milhões, em 2003; para R$ 262 milhões, em 2004. Para este ano, a previsão é de gastos de R$ 140 milhões a R$ 160 milhões.

Pizzolato diz que salário de 40 mil era motivo de chacota
Funcionário concursado do Brasil há 31 anos, Pizzolato declarou que seu salário de quase R$ 40 mil era "motivo de chacota". Outros executivos da iniciativa privada, comparou, ganhavam infinitamente mais do que ele. Na verdade, o salário do ex-diretor no Banco do Brasil era de R$ 19 mil. O valor era complementado pela atuação como conselheiro da Embraer (R$ 12,5 mil), da Previ (R$ 4,8 mil) e da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil - Anabb (R$ 3 mil).
Ele também garantiu aos parlamentares que há mais de dez anos não participa de reuniões do diretório do PT e ressaltou que o cargo de direção no BB não tem relação com a política. Pizzolato disse ter sido indicado pelo ex-presidente do banco Cássio Casseb. O depoente revelou ainda que participava do comitê financeiro da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva.

Cartão corporativo
Os parlamentares pediram explicações sobre gastos feitos por Pizzolato com o cartão corporativo da Previ (fundo de pensão do BB). Nos extratos, aparecem compras de vinhos e até a assinatura de uma página pornográfica da internet.
Sobre os vinhos, o ex-diretor de Marketing explicou que, em geral, eram presentes para grandes clientes do Banco do Brasil.





Reportagem – Newton Araújo Jr.
Edição - Patricia Roedel

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