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O resumo do depoimento de José Dirceu na CPMI

Agência Câmara - 03 de agosto de 2005 - 08:06

O depoimento do ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, nesta terça-feira, foi marcado pelo confronto com o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das denúncias do “mensalão”. Jefferson acusou Dirceu de ter autorizado representantes do PT e do PTB a negociarem com a presidência da empresa Portugal Telecom recursos para pôr fim às dívidas dos dois partidos.
Segundo Jefferson, dois integrantes dos partidos teriam viajado a Portugal em janeiro deste ano, e a autorização teria sido dada pelo próprio Dirceu a Jefferson, que então presidia o PTB. "V. Exa. autorizou a mim, presidente do PTB, e ao PT que mandássemos emissários à Portugal Telecom em seu nome para que negociássemos, depois do encontro que V.Exa. patrocinou do grupo Portugal Telecom com o presidente Lula, um acordo que pusesse em dia as contas do PTB e do PT. Nossos emissários, o do PT e o do PTB, viajaram a Portugal e estiveram na presidência da Portugal Telecom em 24, 25 ou 26 de janeiro deste ano, coisa que podemos comprovar", disse.
O líder da minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), declarou que o blog na internet do jornalista Ricardo Noblat informa que a viagem foi feita pelo empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do suposto "mensalão".
Dirceu retrucou por várias vezes a acusação: "Nunca tratei com a Portugal Telecom de nenhuma matéria. É mais uma denúncia que ele traz, de tempo em tempo, e procura atacar a minha honra. Quero negar, de maneira peremptória, que eu tenha autorizado qualquer relação com a Portugal Telecom ou feito qualquer acordo ou encaminhamento com o PT e o PTB sobre essa questão. Trata-se de uma mentira." O ex-ministro criticou Jefferson por sua estratégia denuncista e informou que aguarda apenas a perda de mandato do deputado para processá-lo.
A Portugal Telecom divulgou nota oficial na qual nega as denúncias de encontro com representantes partidários.

Acordos eleitorais
Roberto Jefferson reiterou todas as acusações que havia feito em depoimento anterior e disse que todos os acordos eleitorais nos estados de São Paulo, Paraná e Goiás, entre outros, foram fechados na presença de Dirceu e do ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia.
O ex-ministro negou as denúncias e afirmou que não teve conhecimento do suposto acordo de R$ 20 milhões prometido pelo PT ao PTB nas eleições ao 2004. "Os acordos eleitorais são problema do PT, não da Casa Civil", delimitou.

Reconhecimentos
José Dirceu reconheceu que o empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do “mensalão”, o teria visitado acompanhado da diretoria do Banco Rural, mas ressaltou que o assunto a ser tratado na reunião dizia respeito ao Banco e não a Valério.
Ele também reconheceu que tinha o controle das indicações de cargos de confiança na administração pública, ao fazer a verificação dos nomes, mas advertiu que a Casa Civil não é responsável pelas nomeações.

Negações
O depoimento do ex-ministro foi pontuado por constantes negações das acusações feitas. Ele reclamou do excesso de documentos falsos enviados à CPMI dos Correios.
Dirceu disse que ouviu denúncias de “mensalão” pela primeira vez por meio da matéria publicada pelo Jornal do Brasil no ano passado, com informações fornecidas pelo deputado Miro Teixeira (PT-RJ) a respeito. Ele ressaltou que, se for comprovada a prática do “mensalão”, será a Justiça, por meio do Supremo Tribunal Federal (STF), quem vai decidir a validade das votações ocorridas na Câmara naquele período. Em sua opinião, hoje há apenas indícios de transferência de recursos para o pagamento de campanhas políticas.
Dirceu também disse que não foi garantidor dos empréstimos do PT, conforme o tesoureiro licenciado do partido, Delúbio Soares, já havia dito.
Em relação às denúncias de corrupção nos Correios, o deputado informou que nunca recebeu relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre as investigações e salientou não ter visto nenhuma irregularidade na diretoria de Tecnologia da estatal. Essa diretoria era ocupada por Eduardo Medeiros, que havia sido indicado pelo ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira. Ainda que houvesse irregularidade, ela não poderia ser atribuída ao governo, defendeu Dirceu.


As informações são de autoria da Agência Câmara

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