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O recado do Cheida: Ora(direis) enxergar o passado

Luiz Eduardo Cheida* - 19 de outubro de 2007 - 07:19

Enxergar o futuro é coisa pra vidente. A nós, simples mortais, nos é dado, quando muito, ver o passado.


A maioria das estrelas que piscam no céu estão há milhões de quilômetros de distância. Tão longe, que a luz emitida por elas leva milhares ou até milhões de anos para chegar até nós.



Muitas vezes, a luz que impressiona nossos olhos deixou a estrela há muitos milhões de anos. Dessa forma, o que vemos é a luz que partiu dela num passado longínquo e, só agora, chega até nós.

A estrela que produziu a luz, às vezes, já nem mais existe. Explodiu, há milhões de anos, mas sua luz continuou caminhando pelo espaço e só agora chega até aqui.

A luz tem a forma da estrela. Assim, vemos uma estrela que não mais existe! Vemos o que deixou de existir.

Vemos o passado.



As estrelas são sóis. Como o nosso Sol.



Quando visto de longe, nosso gigantesco Sol, amarelo e fervente (sua temperatura interna chega a 20 milhões de graus Celsius) parece apenas uma pequena estrela, branca e fria, cintilando na imensidão do céu.



O universo é formado por centenas de bilhões de galáxias. Cada uma delas, com bilhões de sóis. A galáxia onde vivemos, a Via Láctea, tem cerca de 400 bilhões de sóis. Ou 400 bilhões de estrelas.

Nosso Sol é tão somente uma delas.



As estrelas ficam tão longe daqui que medimos sua distância em anos-luz. Ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano.



Como a velocidade da luz é de 300.000 Km por segundo (sete voltas em torno da Terra em um segundo) um ano-luz equivale a 10 trilhões de quilômetros de distância.

Então, a luz de uma estrela, distante 300 milhões de anos-luz, demora 300 milhões de anos para chegar até a Terra.

Enxergá-la é ver o passado com os próprios olhos.



Mas há quem, além de as verem, ouvem-nas. Um destes tresloucados é o grande Olavo Bilac, que assim escreveu em seu Ouvir Estrelas.

Leia-o e veja quão futurista há de ser o passado de quem as ouviu:



- Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro a janela, pálido de espanto.

E conversamos longo tempo, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Ainda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: - Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem quando estão contigo?

E eu vos direi: - Amai para entendê-las,
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas!



Um forte abraço e até sextaestrela que vem.






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*Luiz Eduardo Cheida é médico, deputado estadual e presidente da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Paraná. Foi prefeito de Londrina, Secretário de Estado do Meio Ambiente, membro titular do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.


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