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O recado do Cheida: o gato subiu no telhado
Conseguimos! Pela primeira vez, a população mundial urbana se igualou em número à população rural.
Das 6.6 bilhões de almas deste mundo, 3.3 bilhões já estão nas cidades.
Os dados são do UNFPA Fundo de População das Nações Unidas.
O UNFPA também prevê que, em 2050, a Terra terá 9 bilhões de humanos. A grande maioria amontoados em cidades.
Até agora, a única maneira pela qual os seres humanos provaram o seu domínio foi pela expansão. Cada vez mais numerosos, nem por isso menos estúpidos e atrevidos.
Quando é que resistiremos à tentação de crescer sem parar?
O planeta nunca permitiu que uma população viesse a expandir-se indefinidamente. Populações em crescimento descontrolado sempre entram em colapso. Aglomerações causam estresse, abundância de resíduos e escassez de alimento, sejam em humanos, bactérias, vacas ou repolhos.
O estresse gera ansiedade e desordens que resultam na queda de fertilidade e do interesse em reproduzir-se. Quando não, em modos menos civilizados de controle de natalidade como agressões físicas às fêmeas e à futura prole.
A abundância de resíduos leva a doenças individuais e a pragas coletivas. Algumas delas recrudescentes outras, males inteiramente novos.
Os resultados disso ficam por conta da sorte.
A escassez de alimento leva a comportamentos destrutivos e desintegração social. Até herbívoros, quando em desespero, transformam-se em predadores cruéis e canibais.
Quem pode mais, chora menos.
Os seres humanos não são diferentes dos demais inquilinos do planeta. Aliás, somos diferentes em apenas um ponto: a presunção. Cremos poder dar fim à natureza. Ledo engano...
Não somos, nem de longe, uma ameaça à natureza. Somos tão somente uma ameaça a nós mesmos.
Se acabarmos, as demais espécies continuarão muito depois de termos ido embora.
Como o amigo, preparando o espírito do colega a fim de contar-lhe que o gato de estimação havia morrido:
- Olha, seu gato subiu no telhado...
As populações urbana e rural, pela primeira, vez se equivalem. A previsão é de aglomerações urbanas cada vez maiores e suas previsíveis conseqüências.
O gato subiu no telhado. Ou ele desce ou nós caímos.
Um forte abraço e até sexta que vem.
Luis Carlos Cheida é médico, deputado estadual, foi prefeito de Londrina e secretário do Meio Ambiente.