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O recado do Cheida

Luis Eduardo Cheida* - 09 de março de 2007 - 09:32

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Homem não chora.

E é preciso que não chore, já que é ele quem decide se a floresta tomba ou permanece em pé.

Não expressar sentimentos é capital para quem toma decisões amparado na ideologia do progresso a qualquer custo. Até porque não existe progresso sem custos. Mais ou menos assim: o ideal é que não se desmate, mas se for preciso para gerar empregos, danem-se as árvores!

Nos últimos 50 anos, a produção mundial de grãos triplicou. A quantidade de terras irrigadas duplicou. Os automóveis ultrapassaram os 500 milhões. O mesmo aconteceu aos televisores, geladeiras, chuveiros elétricos, lavadoras, secadoras, computadores, celulares, microondas, fax, videocassetes, CDs, parabólicas, isopor, descartáveis, transgênicos e outras invenções.

As riquezas produzidas quintuplicaram.

Mas, também neste período, o mundo perdeu 20% de suas terras férteis e 20% de suas florestas tropicais, com milhares de espécies ainda nem conhecidas. O gás carbônico aumentou 13%, destruiu-se 3% da camada de ozônio, toneladas de materiais radioativos foram despejadas na atmosfera e nos solos, os desertos aumentaram, rios e lagos morreram por chuva ácida ou esgotos industriais.

E o mundo não ficou mais rico, menos faminto nem menos doente.

Alguém deve mesmo ter conceitos brutos sobre o sucesso e o progresso. Afinal, que alma sensível validaria tal rapinagem?

A mulher, ao contrário, como tem permissão cultural para expressar sentimentos, tem mais compaixão. É mais intuitiva, pois pela linguagem lógica jamais se comunicaria com o filho que ainda não fala. Ela tem a função de cuidar. Cuidar de outro ser, outra vida que não é ela. Diante da competição, prefere investir na cooperação. São atribuições sociais que as deixam mais próximas aos apelos por paz, harmonia e equilíbrio ambientais.

Compaixão, intuição, cooperação e cuidado são elementos do pensar feminino. A Biologia nos mostra que nenhuma espécie conseguiu estabilizar-se sobre a Terra desprezando tais estratégias para com outras espécies.

As que se utilizaram de meios diferentes, não sobreviveram.

Em todas as civilizações, as deusas da Terra são mulheres.

A Terra que tudo dá, que tudo provê, que sustenta, cria e supre as necessidades de tantos e diferentes filhos seus. Esta Terra é mulher.

Talvez, não por acaso.

No Dia Internacional da Mulher, comemoremos com muita esperança.

As coisas também não mudam por acaso.

Um forte abraço e até sexta que vem.

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* Luiz Eduardo Cheida é médico, deputado estadual e presidente da Comissão de Ecologia da Assembléia Legislativa do Paraná. Foi prefeito de Londrina, Secretário de Estado do Meio Ambiente, membro titular do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e da Secretaria Nacional de Recursos Hídricos.

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