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Geral

O que matou Ramão Cabreira

Manoel Afonso - 18 de janeiro de 2015 - 09:29

‘Futebol e política caminham de mãos dadas.’


Poucos se dedicaram tanto ao futebol – de corpo e alma - como o amigo Cabreira. Não é de hoje que acompanhamos de perto sua trajetória profissional, entusiasmado, otimista com as perspectivas deste esporte em nossa terra..
Quem não é do ramo não tem a menor ideia do sacrifício e abnegação que essa profissão exige. A compensação financeira fica muito aquém do justo ou razoável e o seu exercício fica refém do calendário local incerto que pouco atrai investimentos publicitários.


Antes de se narrar uma partida, há uma serie de desafios a vencer. Várias vezes ouvi Ramão contar suas aventuras para viabilizar transmissões – quer nos estádios das vilas da capital, cidades do interior e mesmo em São Paulo e Rio de Janeiro. Aliás, por várias vezes viajou de ônibus para a capital paulista, de onde narrou partidas decisivas do Brasileirão e Paulista. O que mais impressionava era sua incrível naturalidade em relatar aos amigos os problemas enfrentados e as soluções que havia encontrado.


A magia de gostar da profissão de radialista é exatamente essa. Vale muito mais o prazer do que a compensação financeira. E como já dissemos, ficar refém profissionalmente do futebol desorganizado e medíocre como é o nosso, é realmente muito difícil. Ramão tinha sabedoria de lidar com todos esses entraves, garimpando notícias, eventos e patrocínio que lhe dessem sustentação.


Cabreira tinha algo mais: era querido demais, conhecia pessoalmente jogadores, diretores, árbitros, torcedores comuns e outros sonhadores do universo do futebol da capital. Tinha também grande relação com colegas de microfone dos grandes centros. Ele - por exemplo - sentiu muito a morte de Fiori Giglioti e Luciano do Valle.
Longe de discutir a questão médica, a intenção é mostrar o quanto a doação, o desprendimento, emoção e esforço para transformar a narração em algo fantástico que empolgue o ouvinte, pode afetar a saúde humana. Cabreira era mestre nisso: sua criatividade transformava o jogo medíocre em espetáculo empolgante. Paradoxal até: dava-lhe prazer, mas tirou-lhe a vida.


Como dizia Fiori Giglioti:


“Por tudo que foi, pela alegria que proporcionou e amigos que cultivou, Ramão Cabreira merece ser lembrado, por todo o sempre, em nosso cantinho de saudade”.

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