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Geral

O direito à diferença

Alessandra Bastos/ABr - 16 de março de 2004 - 09:56

Rose Brasil/ABr
Rose Brasil/ABr

Pela primeira vez, os ministérios da Cultura e da Justiça se unem para combater, nas telas, a discriminação. Eles preparam o projeto "O direito à diferença", que deve ser lançado até o meio do ano, e se propõe a auxiliar setores hoje discriminados na produção dos próprios filmes. Afrodescendentes, indígenas e homossexuais serão abrangidos pelo programa, que também irá atender a ciganos, deficientes físicos, mulheres e idosos, levando às telas os problemas enfrentados por essas populações.

O objetivo é fazer com que esses grupos não sejam retratados apenas por observadores externos, mas que possam eles mesmos mostrar sua realidade. Segundo o secretário do Audiovisual do ministério da Cultura, Orlando Senna, "a idéia é que esta parcela da sociedade fale de si mesma, mostrando uma visão de dentro para fora, oferecendo maior autenticidade às questões que irão abordar".


O secretário executivo da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Ivair Augusto dos Santos, explica que a idéia é criar uma aproximação entre esses movimentos e o governo, "nosso papel é de articulação. Para isso será criado um programa de canais de ajuda junto ao governo federal para que esses grupos possam se produzir". Para o secretário do ministério da Justiça, "tem gente produzindo e que gostaria de ter o seu olhar diferenciado, estamos inaugurando a comunicação entre esses produtores e o governo federal que não existia", afirma.


Além de dar voz a grupos considerados marginalizados pela sociedade, os filmes podem ser uma arma para diminuir preconceitos por meio da educação. "Desde o ano passado temos a lei que determina a inclusão da história e cultura afro-brasileira nas escolas e trabalhar com material audiovisual em sala de aula é um recurso interessante", destaca Ivair Augusto.


Nesta primeira fase, "O direito à diferença" vem sendo discutido em uma série de reuniões com os ministérios, as secretarias de Cultura dos estados de Rio e São Paulo, lideranças e cineastas de movimentos. "Nos dividimos em grupos de trabalhos que estão elaborando propostas que começarão a ser apresentadas no próximo dia 12", esclarece a assessora da secretaria de Gênero e Etnias do estado de São Paulo, Maria Aparecida de Laia. A partir das propostas, o programa será estruturado. Esta segunda etapa deverá ser concluída até o meio do ano para que seja colocada em prática ainda no segundo semestre.


No começo deste ano, a novela "Da Cor do Pecado" trouxe, pela primeira vez na TV brasileira, uma protagonista negra - a atriz Thais Araújo, que interpreta a personagem Preta. "Luta-se muito para ter atores negros na televisão, que não sejam empregadas domésticas. As coisas melhoraram, não posso dizer que 100%. Mas, além de atores, eu gostaria que houvesse também produtores negros", ressalta Ivair Augusto.

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