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O dia em que Lula e FHC se reencontraram

Nelson Motta/ABr - 06 de janeiro de 2004 - 08:10

Ana Nascimento/ABr
Ana Nascimento/ABr

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, ao receber no Itamaraty, o Prêmio Notre Dame 2003, pelo trabalho que desenvolveu junto como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no processo de transição do governo, disse que a transição da forma que foi feita serviu como uma espécie de aviso para o mundo que duvidava da competência dos dois líderes de exercer a democracia. "O Brasil dá um bom exemplo. Dois presidentes que disputaram as eleições e continuam com uma relação de respeito e de amizade, não é pouca coisa, num Brasil pouco habituado a fazer com que os dirigentes conversem entre si", afirmou Lula.

O presidente Lula lembrou que quem conhece a política nacional, "sabe perfeitamente bem que eu estou falando que políticas eleitorais no Brasil em muitos lugares se transformam numa verdadeira guerra e que vale buscar informações dos tataranetos das pessoas para poder fazer os ataques pessoais".

O trabalho desenvolvido pelos dois presidentes, no período de outubro e dezembro de 2002, segundo o presidente Lula, serviu também como uma lição para fortalecer a democracia brasileira. "Dois homens que atingem a idade da maturidade política, não podem ter nos seus discursos, sendo oposição ou situação, e muito menos na sua prática política, deixar de entender que a razão da disputa e a eleição, a vitória depende única e exclusivamente do respeito que nós temos que ter pelo povo que participa do processo eleitoral do nosso país", afirmou Lula.

O presidente disse que espera, quando tiver que passar o "bastão" a um outro presidente eleito, aperfeiçoar a tradição. "Espero que a gente consiga modernizar e que a gente consiga fazer alguma coisa ainda mais civilizada da que foi feita, para que daqui para frente ninguém mais deixe de entender que a democracia não pertence ao individuo, a democracia foi conquistada pela sociedade brasileira com muito sofrimento. Cabe a nós que estamos vivendo esse momento histórico no Brasil, passarmos esses ensinamentos para futura geração que irá fazer política no Brasil", destacou Lula.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que também recebeu o Prêmio Notre Dame, do Instituto Kellog para Estudos Internacionais da Universidade Americana de Notre Dame, do Estado de Indiana (EUA), disse que a despeito das diferenças políticas e dos embates pela predominância dos partidos dele e do presidente Lula, é preciso dar lugar para o fortalecimento as instituições. "Foi com esse espírito que participei e dei sustentação á transição política de um governo para outro, formado por um partido que se opôs ferozmente ao governo anterior, mas que assumiu o poder com o compromisso histórico de respeitar a ordem democrática e os valores republicanos", disse Fernando Henrique.

O Prêmio Notre Dame é concedido anualmente desde 2000 pelo Instituto Kellog para Estudos Internacionais, da Universidade Notre Dame (EUA), e pela Fundação Coca-Cola, a latino-americanos que tenham contribuído significativamente para o bem comum no continente. Lula e o ex-presidente Fernando Henrique receberam US$ 10 mil cada um. O presidente Lula dará seu prêmio ao programa Fome Zero e o ex-presidente fernando Henrique destinará sua parte Comunidade Solidária, hoje conhecido como Programa Comunitas.

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