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Novo governador usa botina e jeans, é corintiano e tem Luan Santana no pen drive

Paula Maciulevicius, Campo Grande News - 29 de dezembro de 2014 - 07:35

Governador toma Antarctica, ouve sertanejo no pen drive do carro e deixa o neto dormir em sua cama. (Foto: Marcos Ermínio)
Governador toma Antarctica, ouve sertanejo no pen drive do carro e deixa o neto dormir em sua cama. (Foto: Marcos Ermínio)

Prestes a ser empossado governador, Reinaldo Azambuja (PSBD) é perfeccionista, acorda cedo e não tem hora para terminar o dia. Tem entre as referências de cultura sul-mato-grossense os sertanejos que saíram daqui para todo País: como João Bosco e Vinícius, Michel Teló, Munhoz e Mariano e Luan Santana. Sempre de botina nos pés, Azambuja concedeu entrevista ao Lado B na manhã do último sábado, na sala de seu apartamento, no bairro Jardim dos Estados, aqui na Capital.

Durante a campanha a governo, ele já demonstrava ser um candidato 'família'. Caseiro e avô coruja de João Pedro de 7 anos e Leonardo, ainda um bebê, é daqueles que não fala 'não' para o neto. "João Pedro, não sai de casa. Posa e dorme na cama com o avô", responde rindo.

Quando adolescente, morou nos Estados Unidos, fala e entende inglês, mas diz que a falta de treino travou-lhe um pouco a pronúncia. Entre as viagens fora do País, enumera que conhece os Estados Unidos, México e Argentina, onde foi nos últimos sete anos para uma pescaria esportiva. "Este ano os amigos vão e vamos ficar", isso porque o evento acontece agora, em janeiro.

Cinema, livros e músicas - Na correria dos últimos tempos, Azambuja não se recorda quando foi a última ida ao cinema, mas completa mostrando que é conectado às tecnologias, dizendo que hoje em dia as facilidades permitem assistir em casa, pela internet. Sobre os filmes que lhe marcaram a vida, ainda quando jovem assistiu "E o vento levou" e recentemente, o que entrou para a lista pessoal foi "Os dois filhos de Francisco", que conta a história da dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano.

O último show visto de perto foi de Almir Sater, aqui mesmo, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo. Já o último livro lido foi "Assassinato de Reputações", de Romeu Tuma Junior. Outro interessante que aponta é "Chatô", a penúltima obra folheada por ele.

Entre as preferências musicais, o sertanejo lidera. Em parte por ser influência do meio em que viveu. "Eu gosto muito da música sertaneja, regional nossa. Sempre gostei de Délio e Delinha, pessoas que nasceram em Vista Alegre, distrito de Maracaju", explica. Da atualidade, Azambuja fala da relação de amizade que criou com os artistas daqui.

"Gosto muito dos grandes talentos nossos. João Bosco e Vinícius quando não eram artistas famosos, ficavam lá em casa na época em que fui prefeito", conta. A dupla, seguida de Michel Teló e Munhoz e Mariano entram nos relatos do governador ao se recordar do início da atividade deles. "O próprio Luan Santana também, eu gosto de escutar muito no carro, tenho várias músicas destes artistas no pen drive".

Pergunto se ele sabe algumas das músicas dos artistas que cita, mas ele responde timidamente que não é bom de cantar. "Tem várias, gosto dessas do Munhoz e Mariano, o Camaro Amarelo". Reinaldo também não se revela um pé de valsa, diz que dá uma "enrolada" e que é um dançarino "mais ou menos".

Dos programas de televisão, assume gostar, além dos noticiários, dos esportivos e confessa: por ser corintiano, a torcida em casa é uma guerra. "Sou corintiano, gosto de assistir aos jogos e tem uma disputa interna em casa. Minha mulher é palmeirense, dois filhos também são e um é são-paulino. Então é uma guerra, eu torcendo para o Palmeiras ser rebaixado", brinca. É um dos poucos momentos que Azambuja se solta durante a entrevista.

Ele não deixa de responder qualquer pergunta. Em muitas delas já tem a resposta na ponta da língua. É difícil extrair palavras que não se voltem à política. Embora ele diga que não respira só isso.

Rotina -O dia começa cedo e com a atenção voltada para todos os noticiários da imprensa estadual e nacional. "É para ficar sintonizado com o que tem acontecido. Acordo geralmente às 5h da manhã, é um costume meu desde a época de prefeito. Durmo cedo e acordo cedo".

Também tirar os funcionários da cama. "Eu tenho o hábito de ligar 5h30 da manhã. As pessoas que trabalham comigo sabem disso. Eu começo o dia cedo e não tem hora para terminar".

Quando tem alguma folga, gosta de pescar. "É meu esporte predileto", diz. E nas pescarias tem sempre a companhia da esposa Fátima e dos dois filhos Rafael e Rodrigo.

Uma das resoluções para o Ano Novo, assim que arrumar a "casa", é de praticar 1h de caminhada na esteira, dentro do apartamento, antes de começar o dia.

Seguindo na linha "gente como a gente", entre vinho, cerveja e uísque, Reinaldo responde de pronto que prefere cerveja. "Eu não tomo destilado, raramente tomo um vinho. A bebida que mais gosto é uma cerveja e um chopp". E a marca de sua preferência é a "Antarctica de garrafa", como ele mesmo responde.


Bonitão - Mesmo sendo um homem bonito, não se considera vaidoso. "Até a Fátima mesmo me chama atenção, de eu usar só calça jeans e botina. E eu gosto muito dessas botinas ortopédicas, na campanha inteira eu andei revezando. Não tenho hábito de vaidade".

Os cabelos grisalhos que o governador afirma serem naturais e que a tendência a partir de agora é de branquiarem ainda mais, os traços e a postura garantiram a ele um assédio por parte das eleitoras. Quando pergunto se as cantadas aumentaram, Azambuja leva no bom humor, assim como encarou a reação das mulheres durante a campanha.

"Assédio? Não, é tem... Geralmente as pessoas veem assim o candidato a governador e principalmente as senhoras mais idosas, elas tem uma coisa para um assédio de fotos e tudo. Todo mundo quer tirar foto, mas é mais pelo reconhecimento e pela simplicidade que a gente tem", justifica.

Em um momento de descontração, o que deve ser difícil da gente ver pelos próximos quatro anos, pergunto se ele usa em casa bermuda e havaianas, por exemplo. "Ultimamente temos tido atividades e muitas reuniões, mas nas horas que está a família, realmente meu hábito é de ficar de bermuda e camiseta, mas não uso havaiana, uso alpargata".

A mesma simplicidade que Reinaldo descreve em momentos como ir ao Mercadão, à Feira Central e um bar no fim de tarde, devem dar lugar a um aparato de segurança, imposto pelo cargo de governador. "Tem algumas restrições, até por uma questão legal de você ter uma segurança pessoal, mas eu já disse às pessoas que vão cuidar disso que é com muita discrição. Não gosto dessa questão de muitas pessoas no entorno. Eu sou muito simples e vou manter o meu ritmo como eu sempre fui".

Mais rico do País - Durante a campanha, a declaração de bens de Reinaldo Azambuja o colocou no topo como segundo candidato a governador mais rico do Brasil. Sobre o dado, se surgiu algum incômodo, Azambuja nega com veemência.

"Isso nunca me incomodou. Até mesmo na campanha teve momentos de falarem que um é o candidato dos ricos e o outro dos pobres e isso não existe. Você tem que ter uma postura de qual política vai defender e não é porque você tem um patrimônio que não vai olhar para os mais necessitados. A gente governa para as pessoas e principalmente para as mais necessitadas".

A origem do patrimônio de R$ 37 milhões declarados, segundo o governador, vem de família. "Meus bisavós vieram de Minas Gerais, constituíram suas propriedades aqui. Passaram para o meu avô, que passou para o meu pai e quando a gente perdeu ele, muito jovem, o patrimônio foi transformado em divisão para os três filhos e cada um soube gerir bem seus negócios", pontua.

Perder para ganhar - A derrota nas urnas em 2012, para a prefeitura de Campo Grande, levou Reinaldo Azambuja ao Governo do Estado. Sobre esse contraponto, que não é novidade nas eleições do Estado, Azambuja fala que a mesma Campo Grande que o fez perder, foi quem o elegeu dessa vez.

"Acho que da eleição de Campo Grande ficou um sentimento de frustração, de ter elegido um prefeito que não deu conta de realizar um bom trabalho e que quebrava um ciclo de anos do PMDB na Capital. Era a esperança de que viesse um Governo diferente, que ouvisse as pessoas, mas infelizmente aconteceu tudo o que nós vimos: cassação briga entre legislativo e executivo e a inexperiência do prefeito em não conseguir montar uma equipe sintonizada com boa gestão. Isso ficou na população da Capital e quando veio a candidatura nossa para Governo, eu acho que isso despertou um pouco aquele sentimento principalmente na confiança. Se você olhar o primeiro turno, já foi grande diferença, o segundo turno, praticamente 65% dos votos foram da Capital, isso mostra confiança da população na proposta. Mas o eleitor hoje está sintonizado, ele dá oportunidade, mas cobra resultados. Aqui foi muito este sentimento, de vamos dar oportunidade para que o Reinaldo possa ser eleito, mas agora a população vai cobrar resultados".

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