Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Quarta, 1 de Maio de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Novas formas de tratamento da doença de Parkinson

Agência Notisa - 11 de abril de 2009 - 07:11

Em ocasião do Dia Internacional da Doença de Parkinson, 11 de abril, a Associação Brasil Parkinson (ABP) e a Academia Brasileira de Neurologia (ABN), com apoio da Boehringer Ingelheim, estão lançando a campanha "Juntos, vencendo o Parkinson". A Agência Notisa foi convidada a conferir o lançamento da campanha na sede da ABP, na cidade de São Paulo, onde foi apresentado um panorama sobre a doença no país. De acordo com a neurologista Vanderci Borges, do Departamento de Transtornos do Movimento da ABN, estudos estão sendo realizados em todo o mundo no sentido de encontrar marcadores biológicos para o parkinsonismo primário, já que, atualmente, apenas exames clínicos diagnosticam a doença, o que impossibilita a prevenção a partir da neuroproteção, pois os mecanismos patológicos da doença ainda são desconhecidos.

Segundo a médica, o pramipexol, uma das drogas utilizadas atualmente no tratamento dos sintomas de Parkinson (fabricada pela Boehringer Ingelheim), está para ser lançado sob a versão de ação prolongada. "Estudos estão sendo realizados e esta versão poderia diminuir a ocorrência de discinesias (movimentos aleatórios), que se mantêm em razão da curta duração que se tem até agora do efeito do medicamento no organismo dos parkinsonianos", disse. O ator e diretor de dramaturgias Paulo José, portador da doença e padrinho da campanha, presente ao evento, reclamou das reações adversas dos medicamentos, mas lembrou que eles são importantes para manter a qualidade de vida da pessoa com Parkinson.

De acordo com a presidente da ABN, Elza Dias Tosta, todos os medicamentos utilizados hoje no Brasil para o controle da doença estão disponíveis na rede pública de saúde. Entre os mais receitados, estão a levodopa, precursora da dopamina, e os agonistas dopaminérgicos, como o pramipexol. "A rasagilina, que inibe a enzima MAO-B (beta monoamino-oxidase), está para ser aprovada pelo Ministério da Saúde", afirmou. Uma evidência do Parkinson é a redução dos níveis do neurotransmissor dopamina, produzido no mesencéfalo. Nesse sentido, a rasagilina ajuda a evitar essa redução, tendo em vista que a MAO-B age no organismo metabolizando naturalmente a dopamina.

Uma das principais dificuldades ao diagnóstico precoce do Parkinson é o fato de a doença não poder ser identificada por quaisquer exames senão o clínico, a partir dos sintomas que o paciente desenvolve. "Temos tido pesquisas satisfatórias em cobaias na visualização do clareamento da substância negra a partir do dopler transcraniano. Precisamos saber se serão bem-sucedidas em humanos. Se forem, será uma ótima notícia, porque não precisaremos de nenhuma tecnologia de última geração para identificar a doença", explicou Elza. A substância negra é o local do mesencéfalo onde ocorre a produção de dopamina. Quando o neurotransmissor tem uma queda brusca em seus níveis de produção (e aí temos um indício de Parkinson), essa região, escura pela presença do pigmento melanina na composição da dopamina, vai clareando, o que tornaria possível identificar a doença antes mesmo da manifestação dos sintomas.

Além disso, em março deste ano, foi publicado na revista Science estudo do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis de técnica que visa à diminuição dos riscos da cirurgia de Parkinson, indicada para alguns pacientes em que os medicamentos não são suficientes para controlar os sintomas. Em vez de introduzir eletrodos no núcleo cerebral – um procedimento bastante invasivo –, a medula óssea seria estimulada, por meio de uma microcirurgia de baixo risco. O tratamento ainda não foi testado em humanos.

Também estão em andamento estudos genéticos, no sentido de prover maiores possibilidades em terapia gênica. De acordo com a presidente da ABN, sabe-se que 20 a 30% dos casos de Parkinson são hereditários. "Alguns genes já foram identificados como sendo responsáveis pelo surgimento da doença, e estudos de genética são importantes para entender os mecanismos patológicos do parkinsonismo primário", considerou Elza. Além disso, segundo ela, o transplante de células-tronco embrionárias, o uso de pardoprunox (novo composto medicamentoso para tratar a doença em pacientes em estágios iniciais) e outras terapias cirúrgicas estão sendo testadas experimentalmente.

A repórter da Agência Notisa viajou a convite da Academia Brasileira de Neurologia.

SIGA-NOS NO Google News