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Novas espécies de peixe encontradas em MS

Marina Miranda/Campo Grande News - 24 de setembro de 2004 - 06:37

Depois de 25 dias de trabalho, 23 especialistas e acadêmicos retornaram da região da Bodoquena com novidades na área de meio ambiente, entre elas, a descoberta de novas espécies de peixe. “Acreditamos que das 70 espécies coletadas, pelo menos dez não são formalmente conhecidas pela ciência”, revela o coordenador do trabalho e professor de Mestrado em Meio Ambiente da Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Pantanal), José Sabino.
O pesquisador explica que a partir do material coletado, será possível manter réplicas em Mato Grosso do Sul e São Paulo, de onde são alguns dos profissionais que fizeram parte da pesquisa. “A partir dessas coleções vamos ter um testemunho da riqueza biológica dos rios da Bodoquena”. A região é bastante explorada para o turismo ecológico, no entanto, caso ocorra algum problema, vai ser difícil contornar a situação sem uma listagem das espécies existentes no local porque não existe um diagnóstico adequado para saber o que exatamente pode ser explorado, e de que forma, segundo Sabino. Esse diagnóstico é o objeto principal da pesquisa.
O próximo passo do grupo é compor uma espécie de “certidão de nascimento” com a descrição das espécies encontradas, além de um relatório detalhado de todo o trabalho de pesquisa. “O Brasil tem maior diversidade de peixes de água doce do mundo, por volta de quatro mil espécies, destas pelo menos metade não é conhecida”, afirma Sabino, que trabalha há 10 anos na área. Ele diz que é possível que algumas espécies sejam endêmicas, ou seja, características da região.
Entretanto, nem tudo foram flores na expedição dos 23 pesquisadores. “A parte chata é que no lado oposto da região de Porto Murtinho, o Rio Perdido está assoreado, morto”, conta Sabino. O Rio Perdido tem aproximadamente 350 quilômetros de extensão e o pesquisador estima que metade dele esteja assoreado. “Em todo trecho que percorremos não encontramos um peixe sequer. Há 10 anos o lugar era tinha 2,5 metros de profundidade e grandes cardumes, agora, medimos um trecho com 10 centímetros”. O Rio que nasce no alto da Serra até o APA, na divisa com o Paraguai, já demonstra problemas cerca de 80 km depois da nascente.
O professor afirma que parte de assoreamento se deve aos pastos para gado de corte que foram mal construídos e chegam até a margem do Rio Perdido. “Teria que ser feito um grande trabalho para recuperar, foram dez anos de degradação e seria pelo menos o mesmo período para recuperação, isso contendo os elementos degradantes”.
O grupo andou aproximadamente 2,5 mil quilômetros passando por Bela Vista, Jardim, Bodoquena e Porto Murtinho. Ao longo do estudo, 38 localidades foram amostradas. O programa de pesquisa teve apoio do professor Ricardo Macedo Corrêa e Castro, da USP e da FAB (Força Aérea Brasileira).
"Trata-se do maior esforço científico para estudo dos peixes da região, que é considerada de alto grau de prioridade pelo Ministério do Meio Ambiente para estudos de diversidade biológica. Espera-se que os conhecimentos derivados da Expedição Bodoquena - 2004 venham servir de base mínima para ajudar a ordenar atividades de turismo sustentável, planos de manejo e novos estudos evolutivos, ecológicos, comportamentais e até mesmo de biologia pesqueira", conclui Sabino.


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