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Nova chance ao baixo carbono
Depois de uma primeira tentativa frustrada, na safra passada, o governo federal se esforça para tirar o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do papel em 2011. A meta é repassar, em seis meses, montante similar ao aplicado em todo o ciclo passado, revela o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Erikson Chandoha.
Na safra de estreia do programa que incentiva a adoção de técnicas agrícolas conservacionistas, somente 0,3% dos recursos foram utilizados. Dos R$ 2 bilhões anunciados, R$ 57,7 milhões foram contratados entre julho de 2010 e junho de 2011.
Na contramão das medidas de corte de gastos do governo, que atingiu também a pasta da Agricultura, o ABC manteve o orçamento. Contará, na temporada 2011/12, com R$ 3,15 bilhões. O aumento com relação ao ano-safra anterior se deve à incorporação de outras duas linhas de crédito ao ABC o Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora) e o Programa de Estímulo à Produção Agropecuária Sustentável (Produsa) .
Considerando também o Propflora e o Produsa, R$ 419 milhões, o equivalente a 13% do orçamento total das três linhas, foram aplicados no ciclo passado. Se, por um lado, o montante é considerado baixo, por outro, ultrapassá-lo não será tarefa fácil. Alguns dos problemas que travaram o ABC em 2010 foram resolvidos, mas muitos continuam sem solução.
A desinformação dos produtores, da assistência técnica e dos agentes financeiros, citada pelo governo como entrave número um ao sucesso do programa, começou a ser combatida apenas no mês passado, com o lançamento de uma campanha publicitária e a criação de um grupo de trabalho para promover o ABC. Quando o programa foi lançado, no ano passado, muitos produtores procuraram, mas os agentes financeiros não sabiam como acessar, relata o secretário Chandoha, coordenador da equipe.
Ele explica que, num primeiro momento, foram escolhidos quatro estados para um projeto-piloto de capacitação. Em 12 cursos, 38 profissionais foram treinados em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins. A segunda fase abrange outros dez estados. Até 2020, o objetivo é treinar, direta ou indiretamente, 900 mil técnicos, revela o secretário.
Enquadramento
O treinamento dos agentes é fundamental, considera o gerente de Mercado de Agronegócios do Banco do Brasil no Paraná, Pablo da Silva Ricoldy. Ele explica que os recursos do programa são focados em seis práticas sustentáveis de produção. O grande segredo é enquadrar o projeto técnico em uma dessas finalidades, pontua.
Vencer a desinformação é essencial, mas destravar o ABC passa também por ajustes burocráticos. O setor produtivo argumenta, por exemplo, que o pagamento dos juros durante o período de carência pode inviabilizar a tomada de crédito em alguns casos. Um agricultor que toma emprestado R$ 1 milhão (limite máximo) para plantio de floresta comercial terá que pagar R$ 55 mil por ano em encargos (5,5%), sendo que só terá renda a partir do sétimo ano. O Banco do Brasil, único banco a operar o ABC por enquanto, promete aceitar que o pagamento dos juros seja prorrogado.
Por Gazeta do Povo