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Nódulos na tireoide: o que são e como tratá-los com a ablação

Fonte: Vida Saudável - O Blog do Einstein

Redação - 25 de dezembro de 2020 - 11:00

Nódulos na tireoide: o que são e como tratá-los com a ablação

Pouco invasiva, risco menor de lesão de nervos, ausência de cicatriz, preservação da função da glândula e não aplicação de anestesia geral são os principais benefícios da ablação no tratamento de doenças que afetam a tireoide.

Glândula localizada na região central do pescoço, a tireoide tem o formato de “borboleta” e é responsável pela produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), que atuam em todos os sistemas do nosso organismo. São estes hormônios que auxiliam no estreito controle metabólico, proporcionando, quando em níveis adequados, equilíbrio orgânico.

Quando a tireoide não está funcionando adequadamente ela pode liberar hormônios em excesso (hipertiroidismo) ou em quantidade insuficiente (hipotireoidismo). Assim como outros órgãos, a tireoide é sede frequente de nódulos e cistos. A grande maioria dos nódulos de tireoide são benignos, havendo menor parcela de nódulos malignos.

Nódulos na tireoide
Em muitos casos nódulos tireoideanos benignos podem ser um problema. Embora não sejam cânceres, e na sua maioria não interfiram na produção hormonal tireoideana, nódulos benignos grandes podem causar sintomas.

Alterações na deglutição e mesmo na respiração, devido à compressão exercida por estes nódulos no esôfago, que é o tubo que conduz o alimento da boca ao estômago, e na traqueia, que conduz o ar inspirado aos pulmões, são queixas frequentes de pacientes portadores desta condição.

De mesmo modo, nódulos aumentados podem causar um efeito estético indesejado no pescoço, evidenciando abaulamento local, simétrico ou assimétrico.

Para estes casos, em que nódulos benignos causam sintomas, a radioablação pode ser realizada visando à diminuição volumétrica destes nódulos, sem interferir na função da tireoide. Isso é feito sem cirurgia e seus potenciais riscos, sob controle ultrassonográfico e com sedação leve apenas.

Tratamento
Tradicionalmente há duas linhas de tratamento para doenças da tireoide. Em pacientes com alterações hormonais, seja hipertireoidismo ou hipotireoidismo, o tratamento medicamentoso é necessário.

Quando há nódulos, que podem ou não afetar a função tireoideana, sejam malignos ou benignos, é imprescindível investigarmos qual sua natureza. Para tanto, as punções aspirativas por agulha fina (PAAF) ou por agulha mais calibrosa (core biopsy), ambas guiadas por ultrassonografia e muito pouco invasivas, servem como elementos diagnósticos importantes.

Uma vez diagnosticada malignidade em um dado nódulo, independentemente de suas dimensões, o tratamento cirúrgico será o de eleição. Em caso de nódulos benignos, não há necessidade de intervenção cirúrgica caso não existam sintomas.

Na presença dos sintomas citados acima, de dificuldades de deglutição, respiração, dor, ou mesmo por questões estéticas, abre-se a discussão acerca do tratamento. A cirurgia, a despeito da altíssima qualidade técnica dos cirurgiões de cabeça e pescoço, apresenta riscos inerentes ao ato cirúrgico que frequentemente são levados em conta na hora da decisão terapêutica.

Da mesma forma é importante salientar que, na grande maioria das vezes, a função de produção hormonal da tireoide não é afetada na presença de nódulos benignos, ainda que volumosos.

Assim, submeter um paciente com nódulos benignos, com função hormonal preservada, ao ato cirúrgico, impõe ao mesmo os riscos inerentes à cirurgia, efeito estético da cicatriz cirúrgica no nível do pescoço, além da necessidade de reposição de hormônios tireoideanos após a cirurgia, frequentemente.

É neste cenário que a ablação de nódulos por radiofrequência se apresenta como alternativa pouco invasiva, precisa, e que permite a preservação do parênquima tireoideano e da produção hormonal. Evita-se assim a temida cicatriz cervical e o uso de medicamentos para repor a função tireoideana para o resto da vida.

Como é feita a ablação de tireoide?
A técnica de ablação de tumores por radiofrequência já é consagrada. Entretanto a aplicação em nódulos tireoideanos é relativamente nova. Tumores hepáticos, em situações selecionadas, tanto primários do fígado quanto secundários, ou seja, originários de outros órgãos, são os alvos principais da terapia ablativa por radiofrequência, com excelentes resultados.

A ablação de nódulos de tireoide é realizada com uma agulha específica que apenas há cerca de 1 ano está comercialmente disponível no Brasil. Países como a Coreia do Sul e a Itália vêm praticando essa técnica há poucos anos, mas com volume bastante razoável de casos e com excelentes resultados.

A técnica consiste, basicamente, em introduzir uma agulha de radiofrequência que eletrocoagula (queima) o nódulo. Como esta agulha é bastante delicada e com extremidade curta, justamente para conferir maior precisão ao tratamento, a ablação é realizada parte por parte, paulatinamente, ao longo da superfície do nódulo, até sua aplicação total.

O procedimento pode ser realizado em uma sala de ultrassonografia destinada à pratica intervencionista, como as que temos disponíveis no Einstein. Todo o procedimento é monitorado em tempo real com ultrassonografia, através de transdutor linear de alta frequência.

Quanto à anestesia, é realizada uma local e uma sedação leve, que permita a paciente falar durante o procedimento. Com isso avaliamos continuamente a inervação vocal, dada sua proximidade com o aspecto posterior da tireoide.

É possível prevenir doenças tireoidianas?
O consumo excessivo de sal acarreta, naturalmente, um consumo excessivo de iodo, o que prejudica o funcionamento tireoidiano. De igual forma, a carência de iodo na dieta também interfere de modo negativo. É preciso atentar para um equilíbrio na ingesta de iodo, sal iodado, em pequena quantidade.

Há relatos de algumas fórmulas emagrecedoras que afetam a função tireoidiana. A mistura de anfetaminas, diuréticos, laxantes e hormônios pode ser bastante prejudicial à função tireoidiana.

O risco ocupacional, ou seja, pessoas que estão mais expostas à radiação ionizantes, como ocorre em certas especialidades da área de saúde, também deve ser levado em conta.

Por Dr. Antonio Rahal Junior, radiologista intervencionista do Hospital Israelita Albert Einstein / CRM SP 120 224

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