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No velório de Jennifer, negligência é explicação para queda em buraco

Campo Grande News - 18 de maio de 2019 - 14:45

No centro da capela do Cemitério São Sebastião, no Cruzeiro, foi colocado o diminuto caixão branco com o corpo de Jennifer Lara Mendes Vicente, de um ano e dois meses. A menina morreu ontem, após cair em um buraco de pouco mais de 1,5 metro de profundidade. Na inconformidade pela tragédia, fala-se em negligência e descuido.

O velório será curto, pouco mais de duas horas, com sepultamento previsto para às 16h. Na capela, vizinhos e amigos se revezam, consternados, nas homenagens à menina. A mãe, Berenice Mendes, chegou há poucos minutos. Abalada, sentou-se a poucos metros do caixão.

O pai de Jennifer, Carlos Correa Vicente, 24 anos, não comentou sobre o acidente, limitando-se a dizer que, quando chegou, a menina estava sendo atendida na ambulância. Ele e Berenice moravam em Aquidauana, vieram a Campo Grade e estavam separados desde o começo do ano. Além de Jennifer e do gêmeo, Jefferson William, os dois tem mais um filho. Ela ainda tem outras duas crianças.

Desde a separação, Berenice foi morar com os cinco filhos, no Jardim Noroeste, com uma amiga, a atendente Débora Miranda Santos, 28 anos, que também tem um filho.

Débora diz que a obra na casa do vizinho começou pouco depois que elas se mudaram para o local. Por isso, diz que ficavam de olho nelas durante as brincadeiras na frente da casa. Além da construção do muro, há uma fossa próxima.

No momento em que Jennifer caiu no buraco, Berenice estava amamentando o irmão. “Foi a hora que ela foi colocar o menino na cama, foi um descuido”, disse. Também responsabiliza o vizinho, por ter deixado o buraco aberto. “Foi negligência dele”.

Outros vizinhos que foram ao velório também falaram da falta de cuidado em se tampar o buraco, mas não quiseram falar com a imprensa.

Um boletim de ocorrência foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) para liberação do corpo. Não há informação sobre inquérito em relação ao caso.

Depois que a criança caiu, Debora diz que ainda viu um dos pedreiros, mas, depois, com a chegada das equipes do Corpo de Bombeiros, Samu e PM, ele teria desaparecido.

Hoje, no local, tábuas de madeira foram colocadas no entorno do buraco, mas que não foi tampado.

Débora diz que não teve coragem de voltar ao lugar desde a morte da menina. Ela não sabe ainda se continuam a morar na casa ou voltam para Aquidauana.

Para o engenheiro Jean Saliba, houve um ato de irresponsabilidade na forma que a obra foi conduzida. Segundo ele, depois que o buraco foi aberto – provavelmente para fazer a fundação da construção do muro – deveria ter sido tampado, já que os pedreiros não concretaram durante o período de trabalho.

“Quando pessoa faz buraco, seja qual for, tem que prever que vai chover, que pode não tem energia à noite, alguém pode passar. Na hora de ir embora, deve ser tampado com tapume, de forma que não chegasse nele; é norma elementar de segurança”.

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