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No depoimento para o MPE, Ivanete não fala em denúncias

Marta Ferreira/Campo Grande News - 26 de maio de 2007 - 15:45

No depoimento que deu ao MPE (Ministério Público Estadual) no dia 15 de maio, a ex-servidora da Subsecretaria de Comunicação no governo Zeca do PT Ivanete Leite Martins dezautorizou o conteúdo da gravação em DVD que é considerada a peça chave da investigação sobre a existência de um caixa 2 no governo passado, beneficiando pessoas e empresas ligadas à publicidade do governo passado. No frigir dos ovos, o depoimento de Ivanete acaba não resultando em confissão de existência do esquema de desvio de dinheiro, como informou nota do MPE divulgada no dia do depoimento.

No documento, ao qual o Campo Grande News teve acesso, Ivanete disse ter "exagerado" na conversa com Adair Martins, dono do jornal Diário do Pantanal e responsável pelo programa Conexão Popular, na TV Guanandi, porque queria conseguir um emprego. A conversa, que foi gravada, aconteceu, segundo Ivanete afirma, em razão da situação difícil em que ela se encontrava, depois de ficar sem trabalho com o fim do governo de Zeca.

A ex-servidora pública diz que procurou Adair Martins, a quem conhecia do tempo que trabalhou na Sanesul, para tentar um emprego. Comenta que teve vários problemas familiares no período, entre eles a morte da mãe, o fim do casamento da filha, e uma consequente crise de depressão, e por isso tudo procurou Adair.

A ex-servidora alega que desconhecia que estava sendo gravada a conversa que, segundo ela, aconteceu depois de um teste de vídeo para trabalhar no programa de Adair e que havia um microfone preso à blusa e logo após o teste continou conversando com Adair. Afirmando ter sido pressionada por ele, para falar do governo passado, Ivanete diz que "exagerou algumas vezes" e que diante da insistência do empresário "abriu seu coração pois desejava apenas um emprego no jornal".

A denúncia - O emprego não veio, a gravação acabou se tornando pública e virou a peça principal da apuração, pois nela, segundo já veio a público, Ivanete fala em um esquema que garantia comissões, por fora, entre 5% e 10% para uma relação de cerca de cem pessoas, segundo dados divulgados em nota do MPE no dia do depoimento dado por Ivanete. Foi criada uma força-tarefa, com quatro promotores, para investigar o assunto, mas Ivanete foi ouvida por apenas um deles, o responsável pela abertura do inquérito, Marcos Sottoriva.

No documento que registra a fala dela ao Ministério Público, porém, não há afirmações claras sobre o suposto esquema por parte da ex-servidora. Ivanete, sempre indagada pelo promotor, confirma nomes de funcionários da Secretaria de Governo, à qual era ligada a Subsecretaria de Comunicação, explica sua função, no comando do setor financeiro contábil, o que, segundo diz, envolvia o recebimento de notas fiscais das agências de publicidade que prestavam serviços ao governo, e o encaminhamento para o setor responsável pelo empenho dos valores.

Cobrança - Em relação à dívida do governo com agências, Ivanete confirma que houve uma reunião na Governadoria, com a presença de Zeca do PT, e de representantes das empresas, para discutir o assunto. Diz ainda que o governo anterior estava preocupado em reduzir os gastos na área de publicidade, para atender a um termo de ajustamento de conduta firmado com o MPE (Ministério Público Estadual).

O depoimento cita, em um trecho, a existência de um documento, que não é explicado, que conteria detalhes do esquema. Ivanete não se manifesta detalhadamente sobre esse papel, dizendo que foi entregue por ela a Adair Martins, para que fosse "observado por ele" e que acabou ficando com o empresário. Seriam, conforme conta do depoimento, "documentos oficiais para consulta interna e orientação dos trabalhos da declarante". O Diário do Pantanal de Adair Martins publicou, no fim de março, uma relação, atribuída a Ivanete, de pessoas e empresas que seriam beneficiadas pelo esquema sob investigação.

Irregularidades - Além de dizer que a cliente não fez qualquer confissão de existência do esquema, a defesa de Ivanete afirma que houve desrespeito aos direitos da cliente por parte do MPE. Isso porque ela não teria ficado com cópias do depoimento dado ao promotor, providência obrigatória nesses casos. Para ter a cópia do depoimento, e ainda a da gravação feita por Adair Martins, a advogada de Ivanete, Kátia Maria Souza Cardoso, precisou formalizar pedido aos promotores, no dia 21 de maio, seis dias após o depoimento.

O MPE decretou sigilo nas investigações na semana passada, alegando que é para proteger os trabalhos e evitar vazamento de informações e determinou que um policial militar fizesse a segurança da ex-assessora do governo Zeca do PT, mesmo não tendo sido feito nenhum pedido oficial de proteção.

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