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Muito bronzeado e pouca informação

Agência Notisa - 24 de agosto de 2004 - 16:11

Ter um corpo bronzeado, com aparência de saudável, é o sonho de muitos que se expõem ao sol de forma excessiva. Contudo, além de corpos bronzeados, a desinformação também impera. Uma pesquisa da Universidade de Caxias do Sul, publicada nos Anais Brasileiros de Dermatologia (Volume 79, nº1), investigou se os médicos têm alertado seus pacientes sobre as formas de prevenir o câncer de pele. O resultado serve de alerta: pouco mais de 30% dos pacientes recebeu alguma informação sobre como prevenir o câncer de pele.

O estudo entrevistou 499 pessoas que procuraram atendimento na área de dermatologia, em ações comunitárias realizadas em Caxias do Sul. Nas entrevistas foram consideradas variantes como sexo, idade, história pessoal e/ou familiar de câncer da pele, fototipo de pele (nível de proteção que a pele possui em relação ao sol, variando do negro, com forte grau de proteção, ao branco, com baixa tolerância ao sol) e orientação já recebida sobre prevenção de câncer da pele por algum médico.

Segundo o estudo, somente 31,9% dos pacientes entrevistados já haviam recebido aconselhamento médico para prevenção de câncer da pele. E pior: pacientes de alto risco (com idade inferior a 20 anos), receberam orientação em freqüência menor do que os pacientes de baixo risco. Dos pacientes entrevistasdos, 57,9% foram considerados como alto risco para desenvolver câncer: “a maioria das pessoas entrevistadas, mesmo as consideradas de alto risco, não recebeu aconselhamento para prevenção de câncer da pele em nenhuma consulta”, explica o estudo.

A pesquisa destaca que essa baixa freqüência de aconselhamento para prevenção de câncer da pele já havia sido constatada em outras pesquisas: “sabe-se que a maioria dos pacientes não recebe avaliação para câncer da pele nas consultas de atendimento primário”, declaram os pesquisadores. Por outro lado, segundo o texto, as principais fontes de informação sobre proteção solar para os pacientes acabam sendo televisão e revistas, entretanto, de onde “os pacientes desejariam obter essas informações seria dos médicos de atendimento primário e de dermatologistas”, afirmam os estudiosos.

Para a pesquisa, o fato de os menores de vinte anos receberem menos informações sobre prevenção do câncer de pele é preocupante. “Cerca de 80% da exposição solar a que uma pessoa é submetida durante sua vida ocorre antes dos 21 anos de idade, sendo que há uma relação bem estabelecida entre a exposição à luz ultravioleta na infância e o aumento no risco de desenvolver câncer da pele na vida adulta”, explica o estudo, justificando o papel do pediatra na prevenção ao câncer de pele. “Prevenir a patologia já durante a infância pode diminuir a incidência de câncer da pele em aproximadamente 78% da população”, afirmam os pesquisadores.

Na opinião dos estudiosos, os dados revelam a importância de orientar profissionais, principalmente da área de pediatria, para que ofereçam aconselhamento sobre prevenção de câncer da pele a seus pacientes. “Tudo isso contribui para que se tenha uma situação paradoxal como a verificada atualmente: o câncer da pele é hoje o tipo de câncer mais comum no mundo, apesar de ser um dos mais preveníveis de todos”, lamentam os pesquisadores.

Ainda segundo o estudo, os resultados da pesquisa apontam para um problema ainda maior: “muitas oportunidades para praticar uma medicina preventiva estão sendo desperdiçadas”, afirmam os cientistas, destacando que somente o aconselhamento adequado aos pacientes pode aumentar a freqüência da adoção de medidas preventivas.

Agência Notisa (jornalismo científico - scientific journalism)

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