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MS: comitê irá apurar violações de direitos na ditadura

Campo Grande News/ Luciana Brazil - 25 de maio de 2012 - 16:08

Com o objetivo de apurar as violações dos direitos humanos no Estado, vividas por vítimas da ditadura militar, foi criado na manhã desta sexta-feira (25), o Comitê Estadual Memória, Verdade e Justiça de Mato Grosso do Sul que terá como finalidade principal colaborar com a Comissão Nacional da Verdade, instalada pelo Governo Federal, no dia 16 de maio deste ano.

Dentre as finalidades do comitê estadual, está o esclarecimento dos casos de tortura, morte, ocultação de cadáver e desaparecimentos, que eram comuns na época. Além disso, a comissão quer identificar as instituições que estiveram relacionadas à violação de direitos humanos.

No Estado, Corumbá, a 419 km de Campo Grande, foi o foco da resistência, onde a ação dos militares foi atuante, como contou uma das testemunhas da época. “O governo dizia que nós estávamos insuflando as pessoas contra eles. Era a desculpa que eles davam. Eu trabalhava em um banco, era sindicalista, vereador e juiz classista. Fui mandado embora do banco sem motivo algum. Eles achavam que nós tínhamos o poder manipular as pessoas”, lembrou Benedito Rodrigues da Costa, 70 anos, aposentado.

Benedito teve sorte, já que ficou apenas um dia prestando depoimentos, diferente de outros prisioneiros.

Considerado testemunha viva da ditadura no Estado, sendo um dos poucos a sofrer as maldades da repressão, Waldemar Dias de Rosa, 78 anos, era vereador e secretário do PTB (Partido Trabalhista do Brasileiro), cargo que incomodava os integrantes do governo.

Na manhã de hoje, ele lembrou os 32 dias que passou preso no navio-prisão, em Corumbá. Ele ressaltou que quer ser um colaborador da comissão. “O principal objetivo do comitê é restabelecer a verdade. É importante que não haja distorção. Vou ser um colaborador para o que o comitê precisar”.

Waldemar, que foi também proprietário de emissora de rádio e televisão, disse que não sofreu agressões físicas, mas fez questão de lembrar que sabe de muitos casos de tortura e violência. “A gente sabe de muita coisa. Inclusive, no Rio de Janeiro a situação era bem mais crítica”.

O encontro do comitê aconteceu no DCE (Diretório Central de Estudantes) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e contou com a presença de estudantes, representantes de instituições e interessados na causa. Durante toda a manhã, os participantes votaram o regimento interno que irá reger a comissão.

Navio-prisão: O navio, que funcionava como uma prisão, ficava em Corumbá, que ainda fazia parte de Mato Grosso (O Estado foi dividido em 1977). O governo não dispunha de muitos lugares para deixar os presos, por isso os prisioneiros eram levados para o navio. “Eu fiquei quatro dias na unidade do Exército e depois fui levado para o navio e fiquei na enfermaria”, contou Waldemar.

Segundo Lairson Rui Palermo, advogado que encabeça a comissão estadual, Mato Grosso do Sul teve aproximadamente mil vítimas durante a ditadura militar.

Lairson defende mais de 30 pedidos de indenização na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

Comissão de Anistia A comissão foi instalada pelo Ministério da Justiça, em 2001. O objetivo é analisar os pedidos de indenização feitos por pessoas que foram impedidas de exercer atividades econômicas por motivação política, no período 18 de setembro de 1946 até 5 de outubro de 1988.

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