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Moradores de ex-colônia para pessoas com hanseníase recebem documentos de casas

Isabela Vieira, Agência Brasil - 29 de janeiro de 2014 - 19:09

Depois de décadas de espera, famílias da ex-colônia para pessoas com hanseníase Tavares de Macedo, em Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro, recebem hoje (29) títulos de propriedade das casas onde vivem. Serão entregues 790 documentos no local. Lá ainda estão cerca de 300 idosos que passaram pelo período de isolamento. Até a década de 1980, quem tinha a doença era isolado do convívio social para evitar a propagação da infecção.

De acordo com o coordenador nacional do Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio, os títulos facilitarão a prestação de uma série de serviços públicos, como energia, saneamento, asfaltamento e o atendimento pelos Correios. “Hoje você compra uma geladeira e tem que buscar na sede do hospital”, relata. “Serviços são um jogo de empurra e os governos justificam que a área não é regularizada para não atuar”.

Um dos mais antigos pacientes da ex-colônia, Sebastião Rosa Ricardo, de 85 anos, conhecido como Tatão, foi internado em Itaboraí com 11 anos. Lá foi criado pelos demais pacientes e profissionais do hospital, até conhecer a esposa, Zélia Klein Ricardo, com quem teve oito filhos. “Foram tempos difíceis, passamos muita dificuldade, tiraram meus filhos de mim. Só depois eles puderam vir e, hoje, grandes, se estabelecer por perto”, disse ele, que comemora a regularização.

“A casa minha casa vai ser minha e, no caso da minha morte, passará para minha esposa ou para os meus filhos. Essa é a vantagem”, disse Tatão, que está consciente de suas novas obrigações como cidadão. “O ruim é que a gente vai ter que pagar água, luz, IPTU... É o preço da cidadania, não é?”, brincou. Atualmente, o hospital subsidia os gastos das famílias.

A diretora do Hospital Estadual Tavares Macedo, que hoje é aberto a toda população e oferece uma série de especialidades, Ana Claudia Krivochein, acrescenta que a entrega dos títulos melhora as condições de vida de pessoas que foram impedidas de trabalhar, de acumular riqueza e de construir um patrimônio ao longo de suas vidas. “Muitos dos idosos que estão aqui chegaram crianças. Constituíram famílias, mas nunca puderam deixar nada de herança para ninguém”.

A antiga ex-colônia Tavares de Macedo abrange uma área de 950 mil metros quadros e fica a 3,5 quilômetros do centro de Itaboraí e tem atualmente cerca de 5 mil habitantes - entre ex-internos, famílias de antigos pacientes e profissionais que trabalharam no local - dos quais 790 receberão títulos de propriedade do governo do estado. A previsão é que o pagamentos de taxas, impostos e serviços seja regularizado em um período que deve levar cerca de quatro anos.

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