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Morador de rua não tem casa mas tem coleção de equipamentos eletrônicos

MS - 20 de janeiro de 2014 - 07:58

Morador de rua não tem casa mas tem coleção de equipamentos eletrônicos

A foto vale interpretações poéticas variadas. Um homem com roupas surradas, de cor escondida pela sujeira, cabelos sem corte e idade confusa - graças ao descuido. São detalhes como em tantas descrições sobre quem vive na rua, mas a imagem tem o notebook e faz da cena algo inusitado no cotidiano de Campo Grande, que serve para algumas reflexões.

Sandro, como é conhecido, não fala e há mais de 15 anos dorme ao relento, em um dos canteiros da cidade. O que o faz diferente de tantas pessoas na mesma condição é o gosto pela tecnologia. Ele garante que todos os equipamentos funcionam bem. Mas mesmo que alguns estejam só na carcaça, o gosto pelos aparelhos é de chamar a atenção.

Apesar de uma aparência tão desgastada pela rua, Sandro é um homem cordial, que aceita responder as perguntas com a caneta no caderno. As frases comprovam que ele foi alfabetizado. Todos os acentos surgem no lugar correto, mas as palavras já não têm conexão. Pouco se entende sobre o passado.

Para desvendar quem é aquele homem, que também carrega consigo joguinhos eletrônicos e até um tablet - tão surrado quanto a roupa, mas funcionando, temos de recorrer aos amigos.

Munir Saad diz que conhece Sandro há, pelo menos, 15 anos. “Ele gosta muito de jogos. Esses aparelhos são dele, ele compra. Quando tinha uma lan house ali na esquina, ele ia sempre jogar”, conta.

Não é todo dia que Sandro exibe os aparelhos por aí. Ele diz ter um “esconderijo”, onde guarda os pertences, no bairro São Bento. Para conseguir dinheiro, cuida de carros, pede doações e cata latinhas para vender.

É um dos personagens da região da avenida Mato Grosso. “Dia de domingo, tem carro que já reduz a velocidade para entregar coisas para ele, como roupas e comida”, lembra Munir.

Sandro não se importa em mudar o modelito, apesar das doações. A bota nos pés parece que em seguida vai se desintegrar. Comida também não é o forte. “Ele come todo dia um ovo cozido, que a gente prepara”, diz o amigo, cardápio confirmado por Sandro que justifica com gestos de que não pretende engordar.

Também não consome bebida alcoólica, “só Fanta e suco de laranja”. O problema durante a vida foram as drogas, dizem os companheiros das antigas. Mas há várias versões sobre seus dramas pessoais. “Temos um amigo italiano que conta que o Sandro é órfão, que tinha um irmão que morreu e ficou mudo de tanto usar drogas. Outros falam que ele veio de São Paulo”, diz Munir.

Ele mesmo não confirma ou desmente nada, só concorda que os jogos com armas são os mais divertidos.

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