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Ministro explica o que aconteceu em Cancún

Daniel Lima/Agência Brasil - 15 de setembro de 2003 - 14:50

A falta de um acordo sobre a redução dos subsídios agrícolas na reunião de Cancún, no México, coloca a Organização Mundial do Comércio (OMC) em "xeque". A afirmação é do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, um dos integrantes da comitiva que representou o Brasil durante a V Reunião Ministerial da OMC.

Para Roberto Rodrigues, que concedeu entrevista por telefone direto do México, o que vem acontecendo na OMC "é uma espécie de procrastinação (adiamento) da efetiva discussão dos assuntos". Segundo ele, embora a equipe técnica do organismo multilateral venha trabalhando de forma "adequada", os países desenvolvidos não têm se importado com as atividades da OMC.

O ministro da Agricultura também considerou a criação, durante o encontro, do G-21, liderado pelo Brasil, emblemática. "Pela primeira vez , um grupo poderoso de países liderou e se articulou de maneira consistente a partir de uma ação do Brasil. O fato foi visto no mundo inteiro como a grande novidade da OMC. Foi a grande vedete", disse ele.

O surgimento do G-21, articulado pelo Brasil em Cancún, tem sido comemorado pelo governo brasileiro, pois os países que compõem o grupo representam mais da metade da produção agrícola do planeta e também mais de 50% da população mundial, já que China e Índia fazem parte desse conjunto.

Além disso, Rodrigues acredita que a firme resistência do G-21, contra os subsídios agrícolas foi o principal motivo para impedir a imposição da vontade dos países desenvolvidos. "Isso não pode ser desprezado".

Com a falta de acordo em Cancún, no México, as decisões passam agora a ser encaminhadas para Genebra (Suíça), sede da OMC, que tem reunião marcada para dezembro a fim de tratar o assunto. Isso obriga o organismo multilateral, mesmo "em xeque", a dar continuidade às discussões sobre as questões agrícolas.

"Vai, portanto, a OMC fazer uma esforço gigantesco em nome da própria sobrevivência para que as negociações de "Doha" terminem dentro do prazo. A reunião de Doha, Catar, aconteceu em novembro de 2001 e a conclusão do que foi acertado deveria acontecer em dezembro do próximo ano. "Mas, agora, o jogo de forças mudou com o surgimento do G-21", disse o ministro.

Outra questão levantada pelo ministro é que o colapso da reunião de Cancún levou os países a discutirem a importância das discussões bilaterais e não só o "multilateralismo". Segundo ele, só assim será possível compensar as deficiências dos acordo na linha multilateral no futuro.

Para isso, no entanto, o Brasil terá de se preparar para enfrentar a nova situação. O ministro observou, por exemplo, que, no México, os Estados Unidos levaram um verdadeiro exército de negociadores ocupando-se "cada um de um país ou grupo de paises".

"Era muita gente e cada um deles sabia tudo sobre determinada região. A cultura, a história, a economia, a agricultura e com levantamentos sobre os ponto fracos e fortes para, assim, poder negociar", afirmou ele.

O ministro lamentou a falta de recursos humanos e financeiros para agir dessa forma, mas, ao mesmo tempo, mostrou-se entusiasmado para que o Brasil possa agir no sentido de treinar um número maior de pessoas. Ele também convocou o setor privado para dar a sua parcela de contribuição e fazer parte desse esforço. "Só assim vamos poder aumentar as negociações bilaterais. Só assim teremos a grande possibilidade de avanço de mercado".

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