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Metade dos partos feitos no Estado ainda é cesárea

Jacqueline Lopes / Campo Grande News - 10 de novembro de 2004 - 08:42

O nascimento com hora marcada tem extrapolado o índice permitido pelo Ministério da Saúde em Mato Grosso do Sul e, a partir do próximo ano, os municípios que não atingirem o recomendado pela União, de 25%, pode ter cortado repasses de verbas. Para este ano, a recomendação ministerial é que sejam feitas cesáreas em somente 30% dos partos do SUS (Sistema Único de Saúde). Em Mato Grosso do Sul, o índice de cesáreas do primeiro semestre chega a 47%. Em todo o Estado, dos 19,9 mil partos, 10,6 mil foram vaginal e 9,3 mil cesáreas, segundo dados da Coordendoria de Infância e Desempenho da Saúde. O percentual é praticamente o dobro do preconizado a partir de 2005. A medida foi determinada em 2000, quando, através de portaria do ministro José Serra, ficou estabelecida nova regra para a retomada dos partos normais pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O pacto entre Ministério da Saúde e municípios brasileiros prevê para a partir de 2005 o cumprimento à risca da regra. “O que extrapolar de cesáreas não serão pagas pelo SUS”, detalha uma das coordenadoras do Programa de Proteção à Gestante em Mato Grosso do Sul, médica obstetra Joana Soares de Arruda. Em 2003, a meta do ministério era de 45% dos partos fossem cesáreas, este ano de 30% para em 2005 chegar aos 25%, detalha a especialista. Levando-se em conta os números disponíveis sobre este ano, se a medida estivesse valendo este ano, em seis meses os hospitais teriam gasto R$ 1,1 milhão em recursos próprios fazendo partos cesarianos via SUS. Segundo Joana Arruda, nas décadas de 70 e 80 foi banalizada a cesariana por conta da popularização das operações de ligadura tubário – esterilização através de cirurgia. Após este período, tornou-se difícil conscientizar as mães, alega Joana Soares de Arruda. Em Campo Grande, foram 52% de cirurgias no primeiro semestre em Campo Grande. O setor privado esconde dados ainda superiores, que podem chegar a 90%, conforme a médica obstetra Joana Arruda. (veja quadro abaixo) Com 33 anos, a médica gastroenterologista Eduarda Tebet é exemplo do que o Ministério da Saúde prevê às gestantes brasileiras. Mãe de Paula, de 2 anos e 5 meses, e da recém-nascida Renata, diz orgulhosa que optou pelo parto normal devido a inúmeros benefícios. “Acredito que há cinco anos muitas mulheres optavam pela cesárea, mas após o ingresso da anestesia também durante o parto normal, isso mudou”, diz. Benefícios no aleitamento e o bem estar logo após o parto, ao contrário da cesárea que prevê o uso de antibiótico, foram determinantes na escolha da médica. O SUS tem pago valor maior pelo parto normal do que à cirurgia. Uma forma que o ministério encontrou para incentivar o nascimento natural. Mas, pelo visto a medida não tem surtido efeito. “Infelizmente a cesariana foi banalizada e a porcentagem não deverá abaixar tão cedo como prevê o Ministério da Saúde”, diz Joana Arruda.

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